quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Perfil

O LinkedIn – eu tenho, embora não saiba porquê, uma conta LinkedIn – informa-me, manso e solícito, que há pessoas que andam a ver o meu perfil. Presumo que deveria exultar com tamanha curiosidade. Não exulto e nem sequer creio que tenha perfil para ter um perfil, mas se o tiver, por certo, será horrível. Que interesse haverá em ver tal coisa? O pior é que é capaz de chover quando sair de casa e não me apetece levar guarda-chuva. Bom seria que pudesse enviar o perfil que me andam a espreitar encontrar-se com a gente que estará daqui a pouco à minha espera. Talvez ninguém desse pela diferença e eu ficaria sentado e apócrifo a meditar sobre a ilusão e a realidade, ou a iniquidade que se esconde sob a capa das coisas banais.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Espera

A tristeza desprende-se das nuvens em gotas ínfimas, paira por instantes sobre a cidade e precipita-se, como um vício insensato, pelas ruas. O que me salva é o vídeo do meu neto chegado através de uma daquelas aplicações que teimam em aproximar a humanidade. Vejo-o esbracejar, quase irado, e isso faz-me rir e dá-me ânimo. A arte da consolação não é esquiva nos materiais que escolhe para distribuir a sua bênção. O vento sopra contra a janela, empurra a chuva e perante os meus olhos desenham-se incontáveis universos de água, que logo se arrojam para a arca negra da inexistência. Ninguém sabe o que fazer com a obscuridade do dia. Uns esperam a luz, outros aguardam as trevas. Eu, pobre de mim, olho as façanhas do rapaz e conto os dias que faltam para ele voltar cá a casa.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Colírio

Presumia que se não era imune a constipações, era-o quase. Jactâncias destas não perdem pela demora e o mundo, com a sua balança inexorável e o despropósito de um adolescente, lá me pôs no devido lugar. Mal dei por mim estava a vir da farmácia, armado com os colírios que, dentro do possível, me hão-de devolver à normalidade. Não se pense que estou mal dos olhos. A palavra colírio fascina-me desde que, há muitos anos, a vi pespegada na capa de um tratado político do século XIV, de Álvaro Pais. Reza assim o título: Colírio da Fé contra as Heresias. Não interessa saber o que a fé e as heresias têm a ver com a política, mas que a metáfora é poderosa, parece-me tão claro quanto obscura é a tarde de hoje. Os sulcos da consciência são um dia invernoso. Tenebrosos e imprevisíveis. Uma constipação em pleno século XXI transporta-me para o século XIV, como se não tivesse mais nada que fazer ou em que pensar. Janeiro há-de acabar e a minha razão talvez encontre maneira de se esquivar à descortesia e aos agravos que sobre ela faço cair.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Perturbação

O mundo quer ser distraído mas nós temos que o perturbar, diz Minetti, o velho actor que dá nome à peça de Thomas Bernhard. É nisto que penso enquanto me imagino caminhar, rua fora, cumprimentando conhecidos aqui e ali, observando o movimento dos cafés, a inconstância do trânsito. O céu tem nuvens cinzentas e as árvores acomodam-se, imperturbáveis na sua verdura, se a têm, e deixam os ramos oscilar ao vento, como se embalassem um filho há muito desejado. Pobre Minetti, compadeço-me, enquanto um bando de adolescentes passa imerso nos seus códigos voláteis, a arquitectar aventuras que nunca acontecerão, cegos para a velhice que neles se aninha. Quantos candidatos a perturbadores do mundo conheci? Uma ambulância passa vagarosa e oiço o correr de umas persianas. O mundo nunca foi outra coisa senão perturbação, afirmo distraído, enquanto fecho a porta da casa onde guardo as minhas opiniões sobre seja o que for.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Romantismo dominical

O sol desmaiado desta manhã de domingo faz-me lembrar o romantismo com as suas as almas puras torturadas por paixões impossíveis. Seria esta a luz que iluminaria os sofrimentos do jovem Werther e de Charlotte ou de Simão Botelho e Teresa de Albuquerque. Tudo isto, porém, é literatura e a realidade, com as suas garras de diamante, não se compadece com as minhas tendências para o desvario. O melhor mesmo é suportar o vento frio, essa lâmina afiada que rasga o rosto, e a claridade avara com que o dia se desdobra para manifestar, aos olhos incrédulos, os seus segredos de polichinelo. Duas mulheres passam por mim. Uma leva um lenço à boca e tosse, a outra fala, mas nenhuma terá sido iluminada por um sol desmaiado num domingo lacerado pelas chagas do romantismo, penso, talvez com injustiça. Nunca sabemos os mistérios que habitam na memória de quem se atravessa no nosso caminho. Elas, indiferentes aos meus pensamentos, lá seguem a sua rota sem paixão, enquanto eu espero, como quem aguarda o autocarro, que um deus venha e me salve da inutilidade com que decidi revestir a vida. Começa a ficar tarde.

sábado, 26 de janeiro de 2019

Grilos

Saí de casa já a noite se tinha afastado há muito, mas o frio que, com silencioso esmero, ela semeara entrou-me pelo corpo, fez de mim presa e subjugou-me a um império obstinado. É possível que a realidade não seja assim tão dramática. Delírios e dissonâncias cognitivas é o que mais por aí há, e eu, com a idade, sou cada vez menos imune a coisas dessas. Passa por mim uma mulher, segue-a um cão, e nenhum, reparo, tirita. A manhã resvala e, enquanto caminho, penso no cantar dos ralos. Fiquei surpreso. Nunca na vida tinha pensado em ralos. Em grilos, sim. Um dia deram-me uma gaiola com um grilo e o imperativo de o alimentar com folhas de alface. Julgo que morreu e não me lembro de o ter ouvido cantar, mas naquela altura ainda não sabia o que era um imperativo. Hoje sei-o bem, mas por enquanto não tenho idade suficiente para voltar a ter grilos numa gaiola.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Saber de si

Cada um sabe de si, leio num post de protesto acerca de uma minudência qualquer. E fico feliz por haver gente que até de si sabe. Eu sei cada vez menos coisas e, de mim, a ignorância nunca foi exígua. Talvez isso seja efeito da sexta-feira. Há dias da semana que possuem estranhos poderes sobre o que as pessoas dizem: inclinam a vontade, torcem o sentimento, amarfanham a palavra. Depois, desce do céu, tão azul que ele há pouco estava, um manto de ilusões, que cai sobre os ombros e destrava a prosápia. Ah se cada um soubesse de si, as árvores não perderiam as folhas no inverno nem os pássaros se recolheriam mais ao sul. Se cada um soubesse de si, o vento vacilante da tarde levaria para longe as escamas que cobrem os olhos. O silêncio, então, viria como um deus dançar embriagado pelas ruas deslavadas desta cidade.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Devaneio matinal

As noites são caminhos abertos na planície que nos levam para a terra da transparência. Assim comecei a história, mas logo veio a manhã e tantos imperativos trazia consigo que esqueci o que a noite me tinha ditado. Não é a natureza que é uma floresta de símbolos, ponderei, mas o fluxo que o sono coa para dentro da consciência. Árvores, ruas, um pregão ouvido há cinquenta anos, a mão que brilhou diante dos olhos e incendiou o desejo de não mais a largar. Depois, deixamos as palavras enraizarem, cuidamos delas, trazemos-lhe água e elas florescem, para nos acariciarem, enquanto afundamos a cabeça na almofada e esperamos que o mundo acabe ou um rio de pétalas desagúe por detrás dos canaviais onde se esconde a infância. Ao menos tiveste uma infância, pensei, enquanto lavava os dentes e espreitava não sem horror o rosto que despudorado o espelho me devolvia.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Aguaceiro

De súbito, um aguaceiro cobre os vidros do carro, desfoca a paisagem, torna imprecisos os contornos de quem passa. Logo o limpa-pára-brisas, a ruminar vaivéns, devolve ordem ao mundo e figura aos peões. Que monotonia de ritmo, pensei, enquanto olhava um renque de velhas moradias, daquelas que, com o passar das estações, já mal suportam o peso da sombra. Mura-as paliçadas de tijolo e cal e por detrás destas avistam-se laranjeiras e limoeiros, exuberantes na cor dos frutos, que se escapam dos promontórios verdes das ramadas. Esta terra não deveria ter nome, murmurei. Não havia ninguém para me escutar e eu ri-me, a pensar no amargo das laranjas e no brilho baço dos limões. Os dias já estão mais longos e a hora melancólica do crepúsculo chega cada vez mais tarde. Se soubesse o que fazer de mim, tudo seria mais fácil. Assim, perco-me em taxionomias insignificantes e contabilidades sem deve nem haver.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Desconsolo

Depois de almoço tive de ir ao banco, no centro histórico da cidade. Sejamos piedosos e não poupemos a hipérbole. Ao entrar, lembrei-me do tempo em que não havia ali pessoa que não conhecesse. Agora, constatei, não sem incredulidade, que nenhum daqueles rostos me dizia alguma coisa. Tentava situá-los aqui ou ali, mas só o silêncio respondia à minha interrogação. A cidade é exígua, o tempo, porém, não vacila e arrasta na voragem tudo o que foi comum. Saí desconsolado pelo peso da ignorância. Uma ameaça surda pairava sobre a minha inquietação. Janeiro é um mês cruel e estende as suas garras até aos confins da memória. Quando esta sangra, então ele afrouxa os tentáculos e deixa-nos à porta de um jardim onde ninguém nos espera. Olho as ruas, as pessoas que vão e vêm, os escombros da velha vila a céu aberto. A vida, pensei, é uma árvore calcinada pelas tentações de Inverno. Que catarse poderá pacificar as almas?, perguntei, ao avistar os ciprestes do cemitério. O carro trouxe-me rapidamente para casa.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Infrutuosidade

Um alarme dispara não sei bem onde. O som progride como um insulto a quem escolheu o silêncio para esquecer a alegria do sol ou algum dever que a vida, esse naufrágio entre dois esquecimentos, sempre traz no aconchego da sua farta algibeira. Duas pessoas vão pelo passeio e o seu andar lembra-me uma redondilha, e logo começo a escandir-lhes os passos, a espreitar-lhe a prosódia, certo que também o mover dos corpos na rua obedece ao segredo de uma poética, que apenas a distracção nos faz ignorar. O melhor seria pensar noutra coisa, reflicto, ser útil e dar à indiferença estes pensamentos que são como flores feias e estéreis. O que vale é que o alarme se calou, e o dia mutilado refaz a mão decepada e com ela acaricia a infrutuosidade de tudo o que penso.

domingo, 20 de janeiro de 2019

A porta do meio-dia

O vento ondula o arvoredo como se este fosse uma seara arcaica trazida dos confins da terra. E eu aguardo o deslizar do dia, a espuma das horas que se derrete ao sol, o rigor do esquecimento que a tudo há-de trazer paz e purificação. Uma nuvem passa diante do sol e a luz entenebrece um pouco, mas logo o vento leva a intrometida e deixa que os raios caiam como punhais sobre os transeuntes. Estes vão em pequenos bandos, lembrando famílias a caminho da igreja num domingo de há cinquenta anos. Com o florete das palavras desenho na areia os frutos que me cabem, enquanto imagino o canto das cigarras ou o sabor do vinho novo. Afasto-me das minhas paixões e cruzo o adro da manhã para entrar, inútil e cego, pela porta do meio-dia.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Anacrónico

Os pássaros que ainda há pouco tempo cantavam perto da minha janela emudeceram. Eram pássaros tardios, sei-o bem, e há muito que deveriam ter partido. O tempo fê-los perder a memória e confundiram a púrpura dos dias com o fulgor do Verão. Também eu confundo os tempos e caminho pelo Inverno como se ainda fosse Outono. Pensava em tudo isto, enquanto contemplava a mansidão da luz batida pelas águas frias de Janeiro. Alturas há em que me assalta uma estranha convicção: este não é o meu tempo. Sou, atavicamente, anacrónico. Rio-me e pergunto se há outra coisa que possa fazer senão rir-me de mim mesmo. Num poema de Eugénio Andrade encontro a afirmação o teu destino és tu. Não, o meu destino não sou eu. Sou como os pássaros que emudeceram na minha janela ou como a chuva que se calou tomada pelo peso da tarde. Se estivéssemos em Outubro tudo seria perfeito, pensei, enquanto o meu destino galopa, incendiado e pueril, diante de mim.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Desculpa

Esta chuva impaciente e frágil veio mesmo a calhar. Que boa desculpa encontrei para não ir dar a minha caminhada profiláctica. Assim, fico por aqui a ruminar sobre o desvario do mundo, a meditar na água que cai e na bem-aventurança que ela é para a agricultura. Há quem tenha alma de caminhante, mas esse, por um qualquer motivo que desconheço, não é o meu caso. Prendo-me então ao flanco do silêncio e enquanto leio aguardo o crepúsculo que me há-de anunciar o aconchego furtivo da noite.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Notícia

Vai-se pela rua ou entra-se numa rede social e é-se colhido por uma notícia para a qual nunca há uma cesta preparada para a depositar. A terrível ceifeira, a desmemoriada que nunca esquece a vil ocupação, deslocou-se, fremente e impúdica, e cortou cerce onde não se esperava que cortasse. Faz-se, assim, em nós um grande silêncio. Contam-se os dias, os anos, os caminhos partilhados e as esperanças havidas e, por ordem inevitável do mundo, perdidas. Então uma espada de pez cai sobre o dia e tudo ensombrece, como se um exílio nos esperasse ou uma gaivota perdida apagasse o sol.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Rememorações

Por vezes, sou dado a rememorações, talvez com a esperança da ressurreição de alguma coisa perdida ou de alguém que a morte, lúbrica e pegajosa, raptou para não mais libertar. É um sinal inequívoco de que os anos, muitos, passaram por mim e o passado pesa mais que o futuro. A culpa destes pensamentos, pensei-o agora, é do dia. A cinza rumorosa da tarde, a espuma do frio a entranhar-se nos ossos, os ramos despidos das árvores no limiar do esquecimento, tudo isso conspira para que a memória cresça e se transforme numa hipérbole que me esmaga, enquanto oiço o vozear de quem vai rua fora, envolto numa capa de segredos que lhe dilaceram o coração. Hoje é quarta-feira e a minha indústria é escassa para domar a melancolia furtiva, essa sombra vacilante suspensa nas nuvens.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Amor

Está um dia esquivo e a cidade respira rente à melancolia. O rio, a ciciar pela chuva que há-de vir, desliza oscilante e de água escassa, sem um barco que lhe abra as entranhas e lhe inscreva, momentânea, uma esteira que lembre o ondulado tecido pelo passar dos grandes navios. Tudo nesta cidade é minguado, menos o desvario com que a percorro para não me perder na aspereza das ruas ou na solidão que sobre ela desce em borbotões da serra. São assim as cidades de província e por isso são amadas. Também eu a amo pela sua escassez e pelo jardim que agora cruzo e cai sobre os meus ombros como um grande capote que protege o meu ser provinciano do grande rugido cosmopolita.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O tempo foge

Estava há pouco a ver os livros de um dos leilões que se estão a tornar moda na internet, quando me deparei com uma obra em dois volumes, de um autor russo cujo nome não é apenas impronunciável como inescrevível. A prosa foi publicada pelas Edições Avante e tem o nome Para a Crítica da Ideologia Burguesa. Ao vê-la, sorri. É perante coisas como esta que uma pessoa tem a certeza que as pretensões humanas são limitadas, mesmo que o desejo seja infinito. Apesar da crítica, e enquanto os críticos se afundavam no lodaçal do não ser, a ideologia burguesa lá se foi aguentando, mesmo que haja quem lhe rosne, lhe faça figas e a encha de manguitos, e de negros e irreversíveis prognósticos. Não pense o leitor que eu tenha alegria – ou tristeza, diga-se – nesta vitória da afrontada ideologia sobre a crítica e os críticos. Todas estas coisas passam, como passam as borbulhas na adolescência, que tanto desespero provocam e logo se vão. Também um dia a malfadada ideologia morrerá, velha e abandonada, sem o conforto dos sacramentos, sem um crítico que lhe faça o velório ou a acompanhe à última morada. E era aqui, para acabar com brio, que deveria pôr uma citação de Virgílio sobre o tempo e a sua fugacidade, mas também em mim o desejo é maior que as possibilidades. Vou dar uma volta, ver as vistas e apanhar sol.

domingo, 13 de janeiro de 2019

Paganismos de província


Contrariamente ao que é costume, hoje, domingo, tive de ir fazer compras, coisa que me deixa num humor variável, umas vezes mau e outras indiferente. E enquanto passeava pelos corredores de uma grande superfície, visitando os múltiplos altares e parando em várias capelas, todos eles, altares e capelas, dedicados a um santo necessário ao bem-estar, pensava que antigamente os domingos estavam despojados destes cultos pagãos. A missa do meio-dia em S. Pedro, depois almoço em família, e, se fosse o caso, uma ida ver o futebol ao Almonda Parque, mais conhecido pelo quintal do Zé Maria. O mundo era mais simples e eu mais ingénuo, mas talvez não tão idiota. Não havia grandes superfícies e mesmo que a ida à missa se tivesse transformado, como era recorrente na época, numa oportunidade para ver as raparigas, e nisso estava toda a devoção pagã do rapazio, a verdade é que o objectivo desse pobre paganismo provinciano era mais interessante do que observar coisas tão cosmopolitas como as líchias vindas da China ou as papaias provenientes do Brasil.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Sábados


Os sábados contêm uma promessa que descubro sempre ser falsa. Se os olho a partir dos dias da semana, eles parecem-me uma luz bruxuleante ao fundo do túnel. E nesse luzir mortiço esconde-se, confesso, a esperança da eternidade e a crença no paraíso. Sim, os sábados são pressentidos como se não pertencessem ao tempo, com o seu passar rápido e inelutável, mas à dimensão da intemporalidade. Depois, o sábado chega e mal dou por isso já o sol se entrega nas mãos do crepúsculo, a temporalidade ri-se alacre das minhas tristes divagações e o ritmo das coisas humanas, demasiado humanas, cobra o seu soldo e traz a canga que me submete ao duro jugo da realidade. É o que faz cultivar ilusões em vez de aprender a jardinar e a podar roseiras.