A sexta-feira progride entre o cinzento dos céus e a
tristeza da cidade. Há sempre neste dia da semana um pathos que, contra o que seria de esperar, faz descer nos corações
um véu de melancolia, como se o desejado fim-de-semana fosse mais uma ameaça
pela sua transitoriedade que um motivo de júbilo pela sua existência. Somos
difíceis de contentar. Talvez exista uma memória histórica que se tenha
entranhado no nosso código genético e que dispara, sem que se saiba porquê,
estes estados de alma. Li que hoje em dia os seres humanos livres trabalham
muito mais que os servos da Idade Média. Eu sei que todo o fulgor que nos
rodeia, essa possibilidade de fazer compras sem fim, de não perder qualquer
promoção, de nos atafulharmos de tudo o que não precisamos, eu sei, dizia, que
isso exige muito trabalho, que devemos estar sempre mobilizados para a grande
batalha produtiva. E depois lembro-me que os lírios do campo não trabalham nem
fiam, mas que Salomão em toda a sua glória nunca se vestiu como qualquer um
deles. Temo que a educação religiosa que recebi me tornou completamente
desadequado ao mundo onde sobrevivo. Ou talvez eu fosse já desadequado e que a
educação recebida, a que não dei a sequência que era desejada, me sirva de
desculpa. São ínvios os caminhos do Senhor.
Os lírios do campo são lindos!
ResponderEliminarE os do Van Gogh também :)
Lembro-me de ter lido um livro do Érico Veríssimo com um título semelhante, tenho a vaga sensação de ter gostado de o ler, mas não saberia dizer do que trata... e é isso que me entristece, ir perdendo a memória.
Bem sei que posso ir ao Google, mas não é a mesma coisa.
Bom domingo, HV.
🎃
Maria (cabeça de abóbora)
Queria dizer bom sábado, obviamente.
ResponderEliminarEstou ainda pior do que pensava...
🎃
Nunca li nada do Érico Veríssimo, mas talvez ainda chegue a vez dele.
ResponderEliminarUm resto de bom sábado.
HV