quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Hildegard

Hildegard von Bingen, não me canso de ouvir a sua música. Terá nascido em 1098 e morrido em 1179. Não consigo imaginá-la fisicamente, pois a diferença dos seres humanos entre aqueles dias e os de hoje é mais do que se imagina. Foi uma mulher extraordinária. Monja beneditina, além de compositora notável, foi poeta, teóloga, cientista (naturalista), linguista, médica e mais não sei quantas coisas. É doutora da Igreja. Não conheço a sua poesia nem o seu pensamento, mas a música basta para ficar grato à sua existência. Há seres extraordinários que têm o dom excepcional de não ter de sacrificar os múltiplos dons que receberam para afirmarem a excelência num deles. Por exemplo, Kant ou Mozart foram extraordinários, mas apenas no seu campo: vieram ao mundo num tempo em que a especialização se tinha tornado a norma. A questão, porém, não é apenas de época: Tomás de Aquino, outra figura notável da Idade Média, estava longe da maleabilidade de Hildegard; o seu campo era a filosofia e a teologia. Desde que descobri a sua música, nunca deixei de retornar a ela, sempre com a sensação de estar a ouvir algo de inédito, como se aquela música não pertencesse ao tempo, mas à eternidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.