segunda-feira, 10 de abril de 2023

Ardis

Um terço de Abril está consumado. Gostava de saber a razão que me leva a esta quase obsessão com a passagem dos meses, a necessidade de colocar no solo destes textos marcos miliários da viagem pelas terras do calendário. Hoje, talvez porque tivesse companhia na caminhada matinal, não reparei em nada da paisagem envolvente. Não é verdade. Notei que num certo lugar o odor floral vindo de glicínias que por ali existem, pelas tardes tão intenso, era de manhã apenas um vestígio. Fui informado de que o calor do dia as faz libertar os óleos que nelas haverá, por isso ainda não tinha chegado, naquele momento, a sua hora de se derramarem em aromas para que os passeantes dêem pela sua presença. A natureza tem uma enorme reserva de truques e ardis para se fazer notada, embora nem sempre o êxito lhe esteja assegurado. Estamos já na pós-Páscoa, mas continuo em jejum de palavras. Serve para desintoxicar da verborreia que, não poucas vezes, me acomete.

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