Presumia que se não era imune a constipações, era-o quase. Jactâncias
destas não perdem pela demora e o mundo, com a sua balança inexorável e o despropósito
de um adolescente, lá me pôs no devido lugar. Mal dei por mim estava a vir da
farmácia, armado com os colírios que, dentro do possível, me hão-de devolver à
normalidade. Não se pense que estou mal dos olhos. A palavra colírio fascina-me
desde que, há muitos anos, a vi pespegada na capa de um tratado político do
século XIV, de Álvaro Pais. Reza assim o título: Colírio da Fé contra as Heresias. Não interessa saber o que a fé e
as heresias têm a ver com a política, mas que a metáfora é poderosa, parece-me tão
claro quanto obscura é a tarde de hoje. Os sulcos da consciência são um dia invernoso.
Tenebrosos e imprevisíveis. Uma constipação em pleno século XXI transporta-me
para o século XIV, como se não tivesse mais nada que fazer ou em que pensar.
Janeiro há-de acabar e a minha razão talvez encontre maneira de se esquivar à
descortesia e aos agravos que sobre ela faço cair.
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
Perturbação
O mundo quer ser distraído mas nós temos que o perturbar,
diz Minetti, o velho actor que dá nome à peça de Thomas Bernhard. É nisto que
penso enquanto me imagino caminhar, rua fora, cumprimentando conhecidos aqui e
ali, observando o movimento dos cafés, a inconstância do trânsito. O céu tem
nuvens cinzentas e as árvores acomodam-se, imperturbáveis na sua verdura, se a
têm, e deixam os ramos oscilar ao vento, como se embalassem um filho há muito
desejado. Pobre Minetti, compadeço-me, enquanto um bando de adolescentes passa imerso
nos seus códigos voláteis, a arquitectar aventuras que nunca acontecerão, cegos
para a velhice que neles se aninha. Quantos candidatos a perturbadores do mundo
conheci? Uma ambulância passa vagarosa e oiço o correr de umas persianas. O mundo
nunca foi outra coisa senão perturbação, afirmo distraído, enquanto fecho a
porta da casa onde guardo as minhas opiniões sobre seja o que for.
domingo, 27 de janeiro de 2019
Romantismo dominical
O sol desmaiado desta manhã de domingo faz-me lembrar o
romantismo com as suas as almas puras torturadas por paixões impossíveis. Seria
esta a luz que iluminaria os sofrimentos do jovem Werther e de Charlotte ou de
Simão Botelho e Teresa de Albuquerque. Tudo isto, porém, é literatura e a
realidade, com as suas garras de diamante, não se compadece com as minhas tendências
para o desvario. O melhor mesmo é suportar o vento frio, essa lâmina afiada que
rasga o rosto, e a claridade avara com que o dia se desdobra para manifestar,
aos olhos incrédulos, os seus segredos de polichinelo. Duas mulheres passam por
mim. Uma leva um lenço à boca e tosse, a outra fala, mas nenhuma terá sido
iluminada por um sol desmaiado num domingo lacerado pelas chagas do romantismo,
penso, talvez com injustiça. Nunca sabemos os mistérios que habitam na memória
de quem se atravessa no nosso caminho. Elas, indiferentes aos meus pensamentos,
lá seguem a sua rota sem paixão, enquanto eu espero, como quem aguarda o
autocarro, que um deus venha e me salve da inutilidade com que decidi revestir
a vida. Começa a ficar tarde.
sábado, 26 de janeiro de 2019
Grilos
Saí de casa já a noite se tinha afastado há muito, mas o
frio que, com silencioso esmero, ela semeara entrou-me pelo corpo, fez de mim presa
e subjugou-me a um império obstinado. É possível que a realidade não seja assim
tão dramática. Delírios e dissonâncias cognitivas é o que mais por aí há, e eu,
com a idade, sou cada vez menos imune a coisas dessas. Passa por mim uma
mulher, segue-a um cão, e nenhum, reparo, tirita. A manhã resvala e, enquanto
caminho, penso no cantar dos ralos. Fiquei surpreso. Nunca na vida tinha
pensado em ralos. Em grilos, sim. Um dia deram-me uma gaiola com um grilo e o
imperativo de o alimentar com folhas de alface. Julgo que morreu e não me lembro
de o ter ouvido cantar, mas naquela altura ainda não sabia o que era um
imperativo. Hoje sei-o bem, mas por enquanto não tenho idade suficiente para voltar a
ter grilos numa gaiola.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
Saber de si
Cada um sabe de si, leio num post de protesto acerca de uma minudência qualquer. E fico feliz
por haver gente que até de si sabe. Eu sei cada vez menos coisas e, de mim, a
ignorância nunca foi exígua. Talvez isso seja efeito da sexta-feira. Há dias da
semana que possuem estranhos poderes sobre o que as pessoas dizem: inclinam a
vontade, torcem o sentimento, amarfanham a palavra. Depois, desce do céu, tão
azul que ele há pouco estava, um manto de ilusões, que cai sobre os ombros e
destrava a prosápia. Ah se cada um soubesse de si, as árvores não perderiam as
folhas no inverno nem os pássaros se recolheriam mais ao sul. Se cada um
soubesse de si, o vento vacilante da tarde levaria para longe as escamas que
cobrem os olhos. O silêncio, então, viria como um deus dançar embriagado pelas
ruas deslavadas desta cidade.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
Devaneio matinal
As noites são caminhos abertos na planície que nos levam
para a terra da transparência. Assim comecei a história, mas logo veio a manhã
e tantos imperativos trazia consigo que esqueci o que a noite me tinha ditado. Não é
a natureza que é uma floresta de símbolos, ponderei, mas o fluxo que o sono coa
para dentro da consciência. Árvores, ruas, um pregão ouvido há cinquenta anos, a
mão que brilhou diante dos olhos e incendiou o desejo de não mais a largar.
Depois, deixamos as palavras enraizarem, cuidamos delas, trazemos-lhe água e
elas florescem, para nos acariciarem, enquanto afundamos a cabeça na almofada e
esperamos que o mundo acabe ou um rio de pétalas desagúe por detrás dos
canaviais onde se esconde a infância. Ao menos tiveste uma infância, pensei,
enquanto lavava os dentes e espreitava não sem horror o rosto que despudorado o
espelho me devolvia.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Aguaceiro
De súbito, um aguaceiro cobre os vidros do carro, desfoca a
paisagem, torna imprecisos os contornos de quem passa. Logo o limpa-pára-brisas,
a ruminar vaivéns, devolve ordem ao mundo e figura aos peões. Que monotonia de
ritmo, pensei, enquanto olhava um renque de velhas moradias, daquelas que, com
o passar das estações, já mal suportam o peso da sombra. Mura-as paliçadas de
tijolo e cal e por detrás destas avistam-se laranjeiras e limoeiros,
exuberantes na cor dos frutos, que se escapam dos promontórios verdes das
ramadas. Esta terra não deveria ter nome, murmurei. Não havia ninguém para me
escutar e eu ri-me, a pensar no amargo das laranjas e no brilho baço dos
limões. Os dias já estão mais longos e a hora melancólica do crepúsculo chega
cada vez mais tarde. Se soubesse o que fazer de mim, tudo seria mais fácil.
Assim, perco-me em taxionomias insignificantes e contabilidades sem deve nem
haver.
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
Desconsolo
Depois de almoço tive de ir ao banco, no centro histórico da
cidade. Sejamos piedosos e não poupemos a hipérbole. Ao entrar, lembrei-me do
tempo em que não havia ali pessoa que não conhecesse. Agora, constatei, não sem
incredulidade, que nenhum daqueles rostos me dizia alguma coisa. Tentava
situá-los aqui ou ali, mas só o silêncio respondia à minha interrogação. A
cidade é exígua, o tempo, porém, não vacila e arrasta na voragem tudo o que foi
comum. Saí desconsolado pelo peso da ignorância. Uma ameaça surda pairava sobre
a minha inquietação. Janeiro é um mês cruel e estende as suas garras até aos
confins da memória. Quando esta sangra, então ele afrouxa os tentáculos e
deixa-nos à porta de um jardim onde ninguém nos espera. Olho as ruas, as
pessoas que vão e vêm, os escombros da velha vila a céu aberto. A vida, pensei,
é uma árvore calcinada pelas tentações de Inverno. Que catarse poderá pacificar
as almas?, perguntei, ao avistar os ciprestes do cemitério. O carro trouxe-me
rapidamente para casa.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
Infrutuosidade
Um alarme dispara não sei bem onde. O som progride como um
insulto a quem escolheu o silêncio para esquecer a alegria do sol ou algum
dever que a vida, esse naufrágio entre dois esquecimentos, sempre traz no
aconchego da sua farta algibeira. Duas pessoas vão pelo passeio e o seu andar
lembra-me uma redondilha, e logo começo a escandir-lhes os passos, a
espreitar-lhe a prosódia, certo que também o mover dos corpos na rua obedece ao segredo de uma poética, que apenas a distracção nos faz ignorar. O melhor seria pensar
noutra coisa, reflicto, ser útil e dar à indiferença estes pensamentos que são
como flores feias e estéreis. O que vale é que o alarme se calou, e o dia mutilado
refaz a mão decepada e com ela acaricia a infrutuosidade de tudo o que penso.
domingo, 20 de janeiro de 2019
A porta do meio-dia
O vento ondula o arvoredo como se este fosse uma seara
arcaica trazida dos confins da terra. E eu aguardo o deslizar do dia, a espuma
das horas que se derrete ao sol, o rigor do esquecimento que a tudo há-de
trazer paz e purificação. Uma nuvem passa diante do sol e a luz entenebrece um
pouco, mas logo o vento leva a intrometida e deixa que os raios caiam como
punhais sobre os transeuntes. Estes vão em pequenos bandos, lembrando famílias
a caminho da igreja num domingo de há cinquenta anos. Com o florete das
palavras desenho na areia os frutos que me cabem, enquanto imagino o canto das
cigarras ou o sabor do vinho novo. Afasto-me das minhas paixões e cruzo o adro
da manhã para entrar, inútil e cego, pela porta do meio-dia.
sábado, 19 de janeiro de 2019
Anacrónico
Os pássaros que ainda há pouco tempo cantavam perto da minha
janela emudeceram. Eram pássaros tardios, sei-o bem, e há muito que deveriam
ter partido. O tempo fê-los perder a memória e confundiram a púrpura dos dias
com o fulgor do Verão. Também eu confundo os tempos e caminho pelo Inverno como
se ainda fosse Outono. Pensava em tudo isto, enquanto contemplava a mansidão da
luz batida pelas águas frias de Janeiro. Alturas há em que me assalta uma
estranha convicção: este não é o meu tempo. Sou, atavicamente, anacrónico.
Rio-me e pergunto se há outra coisa que possa fazer senão rir-me de mim mesmo.
Num poema de Eugénio Andrade encontro a afirmação o teu destino és tu. Não, o
meu destino não sou eu. Sou como os pássaros que emudeceram na minha janela ou
como a chuva que se calou tomada pelo peso da tarde. Se estivéssemos em Outubro
tudo seria perfeito, pensei, enquanto o meu destino galopa, incendiado e pueril, diante de mim.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
Desculpa
Esta chuva impaciente e frágil veio mesmo a calhar. Que boa
desculpa encontrei para não ir dar a minha caminhada profiláctica. Assim, fico
por aqui a ruminar sobre o desvario do mundo, a meditar na água que cai e na
bem-aventurança que ela é para a agricultura. Há quem tenha alma de caminhante,
mas esse, por um qualquer motivo que desconheço, não é o meu caso. Prendo-me
então ao flanco do silêncio e enquanto leio aguardo o crepúsculo que me há-de
anunciar o aconchego furtivo da noite.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
Notícia
Vai-se pela rua ou entra-se numa rede social e é-se colhido por uma notícia para a qual nunca há uma cesta preparada para a depositar. A terrível ceifeira, a desmemoriada que nunca esquece a vil ocupação, deslocou-se, fremente e impúdica, e cortou cerce onde não se esperava que cortasse. Faz-se, assim, em nós um grande silêncio. Contam-se os dias, os anos, os caminhos partilhados e as esperanças havidas e, por ordem inevitável do mundo, perdidas. Então uma espada de pez cai sobre o dia e tudo ensombrece, como se um exílio nos esperasse ou uma gaivota perdida apagasse o sol.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
Rememorações
Por vezes, sou dado a rememorações, talvez com a esperança
da ressurreição de alguma coisa perdida ou de alguém que a morte, lúbrica e
pegajosa, raptou para não mais libertar. É um sinal inequívoco de que os anos,
muitos, passaram por mim e o passado pesa mais que o futuro. A culpa destes
pensamentos, pensei-o agora, é do dia. A cinza rumorosa da tarde, a espuma do
frio a entranhar-se nos ossos, os ramos despidos das árvores no limiar do
esquecimento, tudo isso conspira para que a memória cresça e se transforme numa
hipérbole que me esmaga, enquanto oiço o vozear de quem vai rua fora, envolto numa
capa de segredos que lhe dilaceram o coração. Hoje é quarta-feira e a minha
indústria é escassa para domar a melancolia furtiva, essa sombra vacilante suspensa
nas nuvens.
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
Amor
Está um dia esquivo e a cidade respira rente à melancolia. O
rio, a ciciar pela chuva que há-de vir, desliza oscilante e de água escassa,
sem um barco que lhe abra as entranhas e lhe inscreva, momentânea, uma esteira
que lembre o ondulado tecido pelo passar dos grandes navios. Tudo nesta cidade
é minguado, menos o desvario com que a percorro para não me perder na aspereza
das ruas ou na solidão que sobre ela desce em borbotões da serra. São assim as
cidades de província e por isso são amadas. Também eu a amo pela sua escassez e
pelo jardim que agora cruzo e cai sobre os meus ombros como um grande
capote que protege o meu ser provinciano do grande rugido cosmopolita.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
O tempo foge
Estava há pouco a ver os livros de um dos leilões que se
estão a tornar moda na internet, quando me deparei com uma obra em dois volumes, de um
autor russo cujo nome não é apenas impronunciável como inescrevível. A prosa
foi publicada pelas Edições Avante e tem o nome Para a Crítica da Ideologia
Burguesa. Ao vê-la, sorri. É perante coisas como esta que uma pessoa tem a
certeza que as pretensões humanas são limitadas, mesmo que o desejo seja
infinito. Apesar da crítica, e enquanto os críticos se afundavam no lodaçal do
não ser, a ideologia burguesa lá se foi aguentando, mesmo que haja quem lhe
rosne, lhe faça figas e a encha de manguitos, e de negros e irreversíveis
prognósticos. Não pense o leitor que eu tenha alegria – ou tristeza, diga-se –
nesta vitória da afrontada ideologia sobre a crítica e os críticos. Todas estas
coisas passam, como passam as borbulhas na adolescência, que tanto desespero
provocam e logo se vão. Também um dia a malfadada ideologia morrerá, velha e
abandonada, sem o conforto dos sacramentos, sem um crítico que lhe faça o
velório ou a acompanhe à última morada. E era aqui, para acabar com brio, que
deveria pôr uma citação de Virgílio sobre o tempo e a sua fugacidade, mas também
em mim o desejo é maior que as possibilidades. Vou dar uma volta, ver as vistas e apanhar sol.
domingo, 13 de janeiro de 2019
Paganismos de província
Contrariamente ao que é costume, hoje, domingo, tive de ir
fazer compras, coisa que me deixa num humor variável, umas vezes mau e outras
indiferente. E enquanto passeava pelos corredores de uma grande superfície,
visitando os múltiplos altares e parando em várias capelas, todos eles, altares
e capelas, dedicados a um santo necessário ao bem-estar, pensava que antigamente
os domingos estavam despojados destes cultos pagãos. A missa do meio-dia em S.
Pedro, depois almoço em família, e, se fosse o caso, uma ida ver o futebol ao
Almonda Parque, mais conhecido pelo quintal do Zé Maria. O mundo era mais
simples e eu mais ingénuo, mas talvez não tão idiota. Não havia grandes
superfícies e mesmo que a ida à missa se tivesse transformado, como era
recorrente na época, numa oportunidade para ver as raparigas, e nisso estava
toda a devoção pagã do rapazio, a verdade é que o objectivo desse pobre
paganismo provinciano era mais interessante do que observar coisas tão
cosmopolitas como as líchias vindas da China ou as papaias provenientes do
Brasil.
sábado, 12 de janeiro de 2019
Sábados
Os sábados contêm uma promessa que descubro sempre ser
falsa. Se os olho a partir dos dias da semana, eles parecem-me uma luz
bruxuleante ao fundo do túnel. E nesse luzir mortiço esconde-se, confesso, a
esperança da eternidade e a crença no paraíso. Sim, os sábados são pressentidos
como se não pertencessem ao tempo, com o seu passar rápido e inelutável, mas à
dimensão da intemporalidade. Depois, o sábado chega e mal dou por isso já o sol
se entrega nas mãos do crepúsculo, a temporalidade ri-se alacre das minhas
tristes divagações e o ritmo das coisas humanas, demasiado humanas, cobra o seu
soldo e traz a canga que me submete ao duro jugo da realidade. É o que faz cultivar
ilusões em vez de aprender a jardinar e a podar roseiras.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
Sanidade
Quando caminho à noite, tenho o costume de dar várias voltas a uma certa praça. É um exercício ritual que tem por fim não pagar por algum
pecado mas poupar-me a ter de pensar por onde hei-de ir. Actualmente, devido ao
frio, dou os meus passeios à tarde e abstenho-me de andar às voltas no mesmo
lugar. Há coisas que se fazem à noite e que de dia são impossíveis. Há que
preservar a imagem, mesmo que fantasiosa, de que se possui uma certa sanidade
mental.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
Hóspedes
Há dias comprei um livro, num leilão na internet, de
Heinrich Böll. Trata-se de uma obra publicada entre nós em 1972, pela velha
Arcádia. Tem capa dura e papel de boa gramagem. É composto por um conjunto de
contos e de um deles recebeu o título Os Hóspedes Inesperados. Foi um sentimento
de irmandade que me levou a adquiri-lo. Também eu, onde quer que vá, sou um
hóspede inesperado. O sítio não me espera e a minha presença é constrangedora. Isto
pensava eu quando atravessava a cidade para ir para um lugar onde todos me
esperavam, sem que a minha presença deixasse de ser constrangedora. O que me
vale, meditei, é o sol de Inverno. Brilha, aquece um pouco, mas evita excessos,
comportando-se com prudência e sabedoria.
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