segunda-feira, 21 de junho de 2021

De solstício em solstício

Hoje é o maior dia do ano. A partir de amanhã o ciclo inverte-se e a noite começa a crescer até que se torne maior que o dia. Este aparente eterno retorno do mesmo não podia ter deixado de fascinar os nossos antepassados. Uma luz laminada paira sobre o casario, fende as paredes, cai cortante pelo chão. Há pouco, porém, nuvens espessas tapavam o sol e parecia que Novembro tinha chegado. Também as notícias não são animadoras. Cada vez que se ergue a ilusão de uma esperança de nos vermos livres do vírus, a realidade revolta-se e entretém-se a desfazer as nossas mais queridas fantasias. Há pouco, alguém consertando uma máscara, disse: nunca mais nos livramos disto. Anuí. A vacina não elimina nem o contágio nem a transmissão. Atenua as consequências, o que é já uma grande vitória, mas essa vitória não representa a derrota do inimigo. Máscara, distância, higienização contínua das mãos, tudo isso parece ter vindo para ficar, para instaurar uma nova forma de habitar o mundo. As pessoas andam ansiosas para que tudo volte a onde se encontrava há pouco mais de um ano. Desconfio que haveremos de saltar de solstício em solstício, que os dias crescerão e minguarão, mas o passado é já uma terra distante a que nunca voltaremos.

2 comentários:

  1. Estas tréguas de temperaturas baixas souberam-me tão bem. A casa já estava tão quente das noites tropicais e dos 35º da semana anterior.
    Mas o Verão aí está em força, e com ele tudo o que é bom para uns e mau para outros: c'est la vie!
    Confesso que desde que moro no interior centro deixei de gostar de solstícios e estou sempre suspirando pelos equinócios.

    Bom dia, HV.
    🌻
    Maria

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  2. Bem a compreendo, o interior é mesmo terrível. As amplitudes térmicas são enormes. O Verão é um pesadelo.

    Boa tarde, Maria

    HV

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