quarta-feira, 2 de junho de 2021

Santa trivialidade

A meio da manhã tive uma aberta e fui à farmácia. Apresento a receita, a farmacêutica investiga na base de dados. Não temos agora, só logo à tarde, diz. Só vendemos até hoje um medicamento desses, acrescentou. Acredito, respondi. Foi a mim. Encomendei duas embalagens, pois aquilo tem um preço desagradável e talvez se possa estragar armazenado na gaveta dedicada a sucursal da farmácia. Dá para dois meses. De tudo isto concluí que pouca gente tem o problema que eu tenho ou segue a mesma terapia. Com o passar dos anos acumulam-se os medicamentos necessários para sobreviver. Rio-me, sempre que tenho de retirar os comprimidos das embalagens. Não apenas pela quantidade, mas porque o acto é mais um exemplo da lei de Murphy, adágio sobre o qual ainda ontem tive uma conversa. O provérbio diz o seguinte: Qualquer coisa que possa correr mal, correrá mal, no pior momento possível. Há vários exemplos da lei. O pão cai sempre com a manteiga para baixo. A fila do lado anda sempre mais depressa. A informação mais importante de qualquer mapa está sempre na dobra ou na margem. Tudo isto é informação recolhida na Wikipédia. Eu acrescento um exemplo medicamentoso: quando se querer retirar um comprimido de uma caixa, abre-se sempre esta pelo lado errado. O lado errado é aquele onde se encontra a dobra da bula, que não permite aceder ao colírio salvador. Com tanta coisa importante, as minhas preocupações centram-se no que é trivial. Talvez, oiço dizer, nada mais exista a não ser a trivialidade. Uma ideia que me repousa e reconcilia comigo.

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