sexta-feira, 10 de junho de 2022

A questão do dia de Portugal

Talvez seja um mau patriota. Enquanto, os portugueses celebravam o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades – que raio de nome – eu dediquei-me, em parte, ao trabalho. Aqui que ninguém nos ouve, sempre achei este dia uma estopada, não por ser o dia nacional, mas por comparação com o 4 de Julho, dia da Independência nos EUA, e o 14 de Julho, a comemoração francesa da tomada da Bastilha. Grandes festas nacionais. O nosso pobre 10 de Junho não mobiliza ninguém. Minto. Provoca uma enorme mobilização em direcção às praias. Ninguém quer saber, neste dia, nem de Portugal, nem de Camões, nem das Comunidades. Não há festividades populares, nenhuma relação de afecto entre os portugueses e o dia. Em resumo, falhámos em ter o nosso 4 de Julho ou o nosso 14 de Julho. Com o espírito construtivo que é o meu, proponho que este feriado passe para 24 de Julho, não por ser nome de avenida, mas porque nesse dia as tropas fiéis a D. Pedro e aos liberais entraram em Lisboa e puseram os miguelistas em fuga. Foi a nossa tomada da Bastilha, o reforço da nossa independência. E como seria em Julho não destoaria desses marcos liberais do mundo moderno. Contudo, para ser exacto, o dia de Portugal deveria mesmo ser o 5 de Outubro. Nesse dia, Afonso Henrique e Afonso VII assinaram o Tratado de Zamora, que reconhece o primeiro como Rei de Portugal. A Monarquia e a República portuguesas partilham a mesma data para se comemorarem. Seria o dia ideal. Podiam manter o 10 de Junho como feriado, declarando-o como Dia Nacional da Ida à Praia. Tenho sempre óptimas soluções para os magnos problemas que nos afectam, o pior é que ninguém quer saber delas. Depois, queixam-se que o país está como está.

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