Decidi fazer uma pequena experiência. Perguntei a um chatbot a razão por que uma língua humana é um cemitério de metáforas mortas. Não se fez rogado e deu uma resposta bastante convincente. Uma das informações que teve a gentileza de me fornecer dizia respeito à palavra relógio. Transcrevo: A palavra "relógio" vem do latim horologium (instrumento que "fala" as horas). O dicionário da Porto Editora é mais comedido e refere que horologiu- significa “que diz a hora”. Ora, entre os relógios latinos e os actuais deu-se uma metamorfose. Os antigos falavam, diziam; os actuais mostram – daí terem um mostrador. Desconheço se os latinos tinham aparelho fonador, mas se falavam, era natural que tivessem. O mundo é composto de mudança. Houve um tempo em que não apenas os animais falavam, mas também os objectos o faziam. O mais loquaz seria, pelo nome, o relógio, mas, por certo, todos os outros se exercitavam no uso da palavra. O mais estranho é que tanto animais como objectos emudeceram. Não sei se isso será a anunciação de que também nós, os mais palradores da criação, estamos a caminho da mudez, ou se eles foram vítimas de uma conspiração que os reduziu ao silêncio. Seja qual for a resposta ao enigma, ela será sempre preocupante.
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