terça-feira, 29 de agosto de 2023

O melhor do mundo

Nova viagem de ida e volta ao sítio de há uma semana. Contudo, a distância foi significativamente menor, apenas oito graus Celsius. Para lá do me levou ao lugar onde passo o ano quase inteiro, tive a oportunidade de almoçar com o meu neto. A princípio o diálogo foi evasivo, mas a partir do momento em que entrou em cena uma pistola, tudo mudou de figura. Não se pense, todavia, que é uma daquelas pistolas que eu tive em criança para imitar os filmes de cowboys, as que tinham rolos de fulminantes e eram usadas em épicas perseguições e combates de bons e maus, de índios e os ditos vaqueiros do Arizona ou do Texas, ou sei eu lá de onde. A tia que lhe ofereceu a arma jamais pensaria numa coisa dessas. É uma pistola transparente com um mecanismo interno que rodopia, ao ser accionado pelo gatilho, e produz vento, acendendo ao mesmo tempo uma luz. A finalidade não é participar numa batalha decisiva entre o bem e o mal, mas mergulhar a ponta numa espécie de godé com um líquido que, depois de empurrado pelo vento produzido pelo tiro, se transforma em inúmeras bolas de sabão. Seja como for, serviu para fazermos experiências, calcular a pressão a exercer pelo dedo de modo a regular o tamanho das quimeras que, depois de voltear por uns instantes, logo se desfazem. Constatei, mais uma vez, que Grande é a poesia, a bondade e as danças… / Mas o melhor do mundo são as crianças. Tenho de comprar uma para mim, para me entreter nas horas vagas, e, caso haja à venda, outra com fulminantes, para lhe oferecer.

Sem comentários:

Enviar um comentário