Agosto chega hoje ao seu último dia. Entrega-se sem acinte
nas mãos de Setembro, mas jura lutar até ao fim. Eu levo-o a sério e deixo-me
tomar por uma nostalgia do tempo frio. A meteorologia promete 38o, o
que denuncia a malévolo intenção que se esconde na beleza do sol matinal. A
cidade está em plena azáfama. Lá em baixo, cortam a relva dos canteiros com um
barulho irritante. A vida nunca é como a desejamos, pensei. Os olhos descaem
para o estranho livro que estou a ler, mas o barulho não desiste. Chego à
janela e vejo um homem de maquineta nas mãos, enquanto o sol toca ao de leve o
cume das árvores que se erguem como uma floresta portátil na escola em frente. A
cidade desliza nos dedos do sol ao som triunfante de um hino da modernidade. Um
concerto para corta relvas e banda magnética, imaginei.