domingo, 10 de junho de 2018

A província


Este tempo taciturno cobre a cidade com um espesso véu de melancolia. Atravessei-a há pouco e pensei que tínhamos sofrido uma regressão no tempo, pois a tristeza que desce dos céus esbate as cores e dá a tudo um ar cansado e arcaico. Eu sei que é uma ilusão, pois se tivesse havido uma regressão tudo seria mais brilhante e animado. Observo os castanheiros da avenida, a sua floração, este ano, é menos exuberante, penso. Nos passeios, um ou outro transeunte vai temeroso e apressado. A província é um exercício incansável de nostalgia e ruínas, a memória sombria de um mundo que acabou há muito.