sábado, 2 de junho de 2018

Junho


Junho chegou e nem dei por Maio se ter ido. Foi sem uma palavra, envolto em festividades, simulacros de um paraíso que se perdeu para sempre. Os dias passam por mim, vão rápidos, presunçosos, cheios de eternidade. Sinto a minha lentidão como uma sombra devorada pelo rancor do tempo. Nas ruas, os transeuntes apressam-se, a festa aguarda-os no bulício da tarde. Esperam no calor da multidão mitigar o frio que lhes habita a alma. Se alguém me interpela, eu calo-me. Não por indelicadeza, mas por não ter nada para dizer. Um pássaro canta na minha janela. Abro-a, o pássaro voa e o silêncio cai sobre mim.