terça-feira, 3 de abril de 2018

Dias assim


Há dias assim. Ouve-se uma música, Sérgio Godinho e Ivan Lins, uma nostalgia inútil desce sobre nós e lembra um tempo vivido, dias que não voltarão e que não são mais que breves traços mnésicos de coisas encerradas no cofre-forte do passado. A canção acabou e uma espécie de libertação abriu-se no peito. O sol triste ainda não se livrou, para meu contentamento, da semana santa. A vida decorre sem mácula ou perturbação, as pessoas passam apressadas pela avenida, outras ficam em casa temerosas do tempo. Um casal vai devagar de mão dada, enquanto dois pombos tracejam o céu mesmo em frente dos meus olhos. Não sei que nome hei-de dar a dias assim. Cada vez sei menos coisas, felizmente.