De súbito, fez-se em mim um curto-circuito. Esta prática contemporânea de textualidade mínima — como os SMS, as mensagens no WhatsApp, os posts no Twitter — tem um antepassado glorioso: o telegrama. Neste, o texto era brevíssimo, quase sempre impessoal. Comunicava qualquer coisa essencial. As pessoas usavam-no para comunicarem com rapidez à distância. Eram parcas nas palavras, pois estas eram caras. Não seria boa ideia escrever textos como os deste blogue num telegrama: custariam os olhos da cara — se é que os olhos da cara têm preço. Hoje, a economia verbal não se deverá tanto ao preço, mas à pouca disposição para escrever. Além do mais, a generalidade das mensagens, actualmente trocadas, são irrelevantes. Se fossem suprimidas, nem o emissor nem o receptor perderiam alguma coisa. Uma das ideias que me ocorreu para melhorar este blogue seria transformar os textos em telegramas pagos à palavra. Escreveria coisas como: ESTOU CANSADO STOP ESTEVE DIA MAU STOP NÃO TENHO NADA PARA DIZER STOP. Seria um blogue glorioso. STOP
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