Passámos o meio de Novembro e o tempo, novembroso como está, não desmerece da época. O crepúsculo é ferido pelo anúncio de néon de uma cadeia de hambúrgueres. Quanto tempo demorará o bosque da escola aqui ao lado a ocultar aquele símbolo de um mundo que importámos daquele lugar que foi abençoado com uma dose não pequena de mau-gosto. Nada contra os hambúrgueres, quem os come ou vende. Apenas a invasão contínua do espaço público pela poluição estética é o alvo de um desabafo, que, aliás, é feito sem convicção, pois tenho pouca convicção em armazém e há que guardá-la para algo mais decisivo. Ora, são poucas as coisas decisivas ao cimo deste planeta, ou talvez seja mais verdadeiro dizer que nada há de decisivo. Nele, tudo é transitório. E o que é transitório não pode ser decisivo. Se as pessoas pensassem assim, o mundo iria, por certo, melhor. Contudo, fazem precisamente o contrário, em tudo vêem coisas decisivas e afundam-se nesse abismo de ignorância, como o dia, agora que as janelas do crepúsculo se fecham, se afunda na noite. Sim, anoitece muito cedo.
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