Um site anunciava que revelações surpreendentes acerca dos extraterrestres poderão ser feitas até final do ano, melhor, até 18 de Outubro. Portanto, o que é anunciado não são as tais revelações, mas a possibilidade de estas ocorrerem. Se as revelações não ocorrerem a notícia não está factualmente errada. Posso noticiar que Espanha poderá vencer França no jogo de logo à noite. Se França ganhar, a minha anunciação não estará errada. Os órgãos e sites de informação não deveriam fazer profecias, ainda por cima na modalidade do possível. Jornalistas não são profetas nem videntes, mas pessoas que informam sobre factos. O que são factos? São coisas que estão feitas. A palavra facto deriva da latina factu- particípio passado do verbo facĕre, que significa fazer. Os jornalistas apenas deveriam informar sobre o que está feito. Ora, aquilo que está feito – e, por isso, é um facto – consumado está e perdeu o seu poder de mover os ânimos. Então os jornalistas dedicam-se à especulação, desenhando mundos possíveis. Neste caso, um mundo possível é aquele em que não exista qualquer informação relevante sobre a existência de extraterrestres; outro mundo possível é o da existência de informação factual sobre a existência desses tais ET. Pergunto-me em qual desses mundos gostaria de viver. Depois, concluí que seja qual for o mundo em que tenha de habitar, a informação sobre a existência ou não de extraterrestres não me serve para nada e não faço ideia o que me moveu para escrever esta prosa.
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