Por vezes, talvez não poucas, perpassam em mim pensamentos completamente parvos. Ao deparar-me com a data de hoje, 24 de Julho, pensei que coisa tão estranha haver um dia com nome de uma avenida de Lisboa. Este pensamento, porém, é mais aceitável do que pensar que existe um dia com o nome de uma praça, a praça 5 de Outubro, por exemplo. O 5 de Outubro ainda se vai sabendo as razões de haver ruas e praças com o seu nome, mas o 24 de Julho é mais associado a uma certa vida nocturna de há tempos. Contudo, foi a 24 de Julho que as tropas liberais, depois de derrotarem as miguelistas na Cova da Piedade, entraram em Lisboa. Daí haver uma avenida com esse nome na capital, que era absolutista e se tornou liberal. Imagino que não exista uma 24 de Julho no Porto ou em Aveiro. Mesmo em Coimbra ou Setúbal seria uma anormalidade. Contudo, como estamos em Portugal, podemos esperar toda a espécie de anormalidades, pois não nos falta talento para o anormal. Por exemplo, o meu talento para a anormalidade consiste em ter pensamentos parvos, isto é, não apenas insignificantes, mas também pequenos. A explicação deste texto reside nas temperaturas assombrosas que tive de suportar neste 24 de Julho. Os graus são tantos que começaram a infiltrar-se no corpo, passaram para a corrente sanguínea e quando chegara, há pouco, ao cérebro transformaram-se neste texto. Eis a génese da coisa.
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