Agora que a primeira quinzena de Junho se aproxima do fim, ainda não sei o que dizer dela. Talvez que uma quinzena sejam duas semanas mais um dia. Eis uma questão factual, embora seja possível pensar quinzenas de dezasseis dias, pois não produzimos, na história da nossa língua, um vocábulo para nomear um período de dezasseis dias. Quinze, quinzena. Logo, dezasseis, dezassezena. Ora, a solução proposta não existe, seria patética caso existisse, e é um sinal claro de discriminação dos conjuntos de dezasseis dias, que podem, e devem, sentir-se em desvantagem, não apenas perante os conjuntos de quinze dias, como diante dos polígonos de dezasseis lados que recebem o nome de hexadecágono ou mesmo ante os polícoros de dezaseis faces, que são chamados de hexadecácoros. Aqui, entre nós que ninguém nos ouve, não são nomes lá muito bonitos, que devemos evitar de colocar a um filho. Seja como for, podem ser inspiradores. Um período de dezasseis dias poderia, então, ser uma hexadecazena ou, mesmo e talvez muito melhor, uma hexadezena. A formação de palavras parece fazer-se por tentativa e erro. Então, diríamos, passarei a primeira quinzena de Julho em casa, mas a hexadezena seguinte será por aí a vaguear sem destino, que é a única coisa que se poderá fazer nas hexadezenas, que não faltam no calendário.
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