sexta-feira, 7 de julho de 2023

Instruções

Como D. Quixote, tenho à minha frente um mar de desafios que farão parte da gesta que será cantada até ao fim dos tempos. Não são coisas ilusórias como moinhos tomados por gigantes ou feiticeiros e encantadores que geram os males do mundo, mas canadianas reais em que me apoiarei, durante as próximas duas semanas, sem que o pé direito, pobre dele, tenha direito (uma contradição nos termos) a suportar o corpo de que faz parte. Desde ontem à tarde que tento estabelecer com os dispositivos de suporte uma aliança e um tratado de paz e cooperação. Não me têm parecido particularmente cooperantes, mas com o passar do tempo, como se deseja nos casamentos por conveniência, as canadianas e este candidato a cavaleiro andante talvez cheguem a amar-se e estabeleçam uma relação harmoniosa, apesar de efémera. Como se fosse ler uma arte de amar, vou ver uns vídeos onde se explica como estabelecer uma boa relação matrimonial com as canadianas. Neste mundo, que é o melhor de todos os possíveis, há vídeos com instruções para tudo, até para as mais inusitadas núpcias.

2 comentários:

  1. Sr Peregrinatio
    Vivi um mês com canadianas. O ortopedista dizia, nos primeiros dias, não ponha os pés no chão, que era, na verdade, o que eu mais queria ouvir. Depois, verifiquei que um dos meus pés ficou magnífico. O outro, nem tanto. Agora parecem-me os dois incompetentes para as tarefas que lhes imponho. Afinal, os pés aparentemente bíblicos, sempre serviram para que alguém os levasse.

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    1. Só estou impedido de usar um, mas um impedimento total durante uns dias ou duas, três semanas. O jogo de equilíbrio com as canadianas é que me é difícil. Lá terei de levar os pés aonde quer que vá.

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