Volto ao registo meteorológico. O sábado começou imerso em neblinas matinais. Prolongaram-se pela manhã dentro, mas a partir de certa altura o Sol subjugou os inimigos e coroou-se como um rei esplendoroso. Reverbera ainda, mas nesta exibição do seu poder, como em todas as exibições de poder, esconde-se uma ameaça. Virão dias em que o seu brilho será insuportável e o calor, mortal. Deflagrarão incêndios e toda uma tragédia tórrida emanará do seu brilho desmedido. Isso, porém, será lá mais para a frente. Agora, a sua vinda merece celebração. Depois do meio-dia fui às compras. As ruas quase pareciam as de um sábado desconfinado, com muitos carros a circularem. Na superfície comercial – nem sei como conseguem inventar estas designações – não havia muita gente. A aproximação da hora de almoço retrai a vontade de fazer compras, pensei. Agora, preparo-me para ir fazer uma caminhada. É um exercício para me imaginar uma pessoa livre, que não está em prisão domiciliária. Espero que os caminhos que irei eleger estejam sem gente e que possa desmascarar-me e sorver o ar, como se tudo estivesse como imaginávamos que estava há um ano, embora já não o estivesse. A vida está cheia de ilusões e armadilhas.
Aqui foram semanas a chover, qualquer raio de sol é bem-vindo. Só que veio acompanhado de muito vento. Eu não me importaria de caminhar contra ele, mas quem está comigo não me pode acompanhar e também não pode ficar sozinha em casa.
ResponderEliminarÉ verdade: a vida está cheia de ilusões e armadilhas.
Boa semana, HV.
🌻
Maria
O vento não tem aparecido - pelo menos em excesso - por aqui. O dia faz lembrar uma segunda-feira de carnaval com um sol não excessivo.
EliminarBoa semana, Maria
HV