Estou encantado, tanto quanto é possível com este calor, com Arsène Lupin. Há muito, muito que não o lia. Uma revisitação ao melhor dos tempos de adolescência, uma época lastimável que todos temos de atravessar, uns com mais obstáculos e infelicidade, outros com menos. Só espero não me pôr a reler a Enid Blyton, pois seria o anúncio de uma regressão à infância, ao Pinóquio, não ao texto do florentino Carlo Collodi, mas às adaptações em banda desenhada que se vendiam numa certa mercearia desaparecida há muito. Talvez uma dia fale sobre essa inusitada loja. Divido, porém, a atenção a Arsène Lupin com a leitura de Danúbio, de Claudio Magris. Talvez se possa dizer que é uma viagem sentimental ao longo desse rio que tanto tem marcado a História da Europa central, da Mitteleuropa. Contudo, mais que uma viagem sentimental, estamos perante uma viagem intelectual. Acabei de ler o ponto 12, da primeira parte. A guia de Sigmaringen. Uma viagem à política e à literatura europeia. O marechal colaboracionista Pétain, desconhecido da guia do Castelo de Smgmaringen, onde se refugiou, e, através de um outro colaboracionista, Céline, reflexões sobre Kafka, Pessoa, Hamsun, Neruda, Svevo, Hemingway, etc. Estas reflexões são, todavia, pequenas iluminações que pontuam o caminho. Danúbio não é un roman-fleuve, um romance-rio, mas o romance de um rio, onde este é a personagem central de uma história que, apesar de vivermos na parte mais ocidental da Europa, ainda nos toca. Está calor.
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