Depois de uma semana em que a principal actividade foi estar sentado e um dos objectos mais requisitados foi o saca-rolhas, a balança teve a amabilidade de me comunicar que o peso não aumentara sequer um grama. Desta experiência concluí que fazer caminhadas engorda e que as virtudes do exercício físico são meramente fantasiosas. O melhor é não levar estas ideias a sério, não porque elas não sejam sérias, mas porque são, como agora se tornou moda dizer, politicamente incorrectas, uma expressão horrível, diga-se. Durante essa quadra de ócio descobri uns policiais que desconhecia. Tratam-se de Les Enquêtes du commissaire Laviolette, da autoria de Pierre Magnan, passados na Haute Provence, França, dos quais se encontram no Youtube adaptações felizes. Por falar em Provence, recordei-me que um dos tópicos que muito animava os professores de Francês, no tempo em que Portugal não se tinha ainda tornado uma nação anglo-saxónica, era a distinção entre province e Provence. Consta que o Reino de França estava dividido em províncias. Numa lista de 1748, são contabilizadas 125, desde a província Agenois – com capital em Agen, a terra das ameixas, aliás excelentes – até à província do Vivarais – com capital em Viviers. Depois veio a Revolução Francesa e zás. Os departamentos, uma divisão mais racional e menos medieva, substituíram as províncias, embora o espírito de província não tenha acabado. Voltando a Modeste Laviolette, o comissário, há que referir que é um bom passatempo, onde transparece um certo odor – caí no poço da sinestesia – a uma França eterna, que já não existirá, a França dos anos sessenta do século passado.
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