É uma experiência curiosa tomar um relaxante muscular. Não apenas os músculos relaxam, como a pessoa fica meio aparvalhada. As pálpebras insistem em fechar-se, para que me entregue ao sono. Embora a tentação seja grande, resisto. Leio, no Público, num artigo de António Guerreiro, que um juiz turco condenou um réu a 15 dias de prisão, que poderiam ser substituídos por hora e meia de leitura diária, numa biblioteca, durante alguns meses. O condenado, depois da experiência de ir a uma biblioteca ler, confessou que a pena tinha sido terrível. Não a desejava nem ao seu pior inimigo. É caso para dizer que mais vale cadeia do que biblioteca. Daqui podemos concluir que os livros não foram feitos para todas e nem todos foram feitos para os livros. O autor do artigo conta que há mais casos, noutros países, em que o juiz condena alguém à leitura. Caso a moda pegue, os meritíssimos juízes, antes de proferirem as suas doutas sentenças, têm de indagar se a leitura é um prazer ou uma tortura. Se for um prazer, o réu condenado a sessões de leitura tornar-se-á de imediato um reincidente, por culpa do juiz. Mas se o réu sentir a leitura como alguma coisa de torturante, será que o juiz que ordena tal pena não corre o risco de infringir a lei ao recorrer a uma pena sentida como tortura? Deixo este problema à consideração de quem o quiser considerar. Vou dedicar-me a fruir desta sexta-feira, antes que ela acabe. Incluirá por certo um tempo de leitura.
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