Um dos topos
preferidos deste narrador, faltando-lhe uma vida emocionante, é o seu encontro
com a balança. Haverá quem pense que se trata de um encontro erótico. Apesar,
de me pôr, literalmente, em cima dela, não o é. Honni soit qui mal y pense!
Hoje foi um encontro muito gratificante, pois não só me retirou todos os gramas
que na semana passada me pusera em cima, como, talvez por ser um bom cliente e
de a frequentar com assiduidade, me deu um bónus de menos trezentos gramas. Nem
quis acreditar e repeti o processo. Ela foi fiel e devolveu-me o mesmo peso que
da primeira vez. Não quis abusar da sorte e não fiz terceira tentativa. O
fim-de-semana começou da melhor maneira. Constou-me que na Alemanha não só uma
mulher agrediu um polícia como, horror dos horrores, um homem mordeu um
cão-polícia. A notícia era veiculada por um site pertencente a uma
televisão privada portuguesa. Em tempos, tive um contacto, não muito longínquo,
com o mundo do jornalismo. Contava-se por aí que se um cão morde num homem não
há notícia, mas se um homem morde num cão, temos um belo caso. Estou convencido
que aquele irado alemão mordeu o cão porque estava farto da inexistência de
notícias. Também eu tenho uma notícia. Não, não mordi um cão, nem conheço
ninguém que o tenha feito. Pelo menos, não me lembro. Por vezes, uma pessoa
deambula por aí e faz descobertas. Foi o que me aconteceu. Descobri um grande
escritor inglês, da primeira metade do século XX. Ford Madox Ford. O nome
parece um bocado repetitivo, mas ele não se chamava bem assim. Este era o nome
literário. De baptismo era Ford Hermann Hueffer, o que denota uma costela
alemã. O seu avô, um pintor pré-rafaelita, respondia por Ford Madox Brown. Estou
a ler, em castelhano, Hay quien no (Some do not), o primeiro romance
da tetralogia Parade’s End, que os espanhóis traduzem por El final
del desfile e que eu traduziria para português como O fim da parada.
Neste primeiro volume, por enquanto, o caso ainda não é militar, mas é provável
que seja nos próximos. Aqui, se existe guerra, então será entre marido e
mulher. O escritor morre em 1939. A partir de certa altura, começam a ser
publicadas edições que juntam todos os romances da tetralogia. Uma delas foi da
responsabilidade de Graham Greene. Tinha uma curiosidade. Como Greene não gostava
do último romance, a tetralogia passou a trilogia. Acrescentou que o próprio
Madox o teria escrito contrariado e não gostava dele. O autor, porém, já tinha
partido para aquele lugar em que, digam o que disserem sobre a sua pessoa e os
seus actos, ele não abrirá a boca. O melhor é acabar por aqui.
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