Um céu geralmente nublado. É esta informação que recebo, sem que a tivesse pedido. Fui, depois, consultar um site de meteorologia e descubro que há 40% de probabilidades de ocorrência de chuva. No giro que dei há pouco, motivado por uma ida à farmácia, o tempo estava agradável, mas sinais de chuva era coisa que não se descortinava. Oiço, vindo de lá de dentro, os sinais de umas escaramuças em torno da Matemática. Avó e neta tentam chegar a um acordo. Se os matemáticos soubessem da infelicidade que geraram no mundo, estou certo que teriam pensado noutras coisas e não naquilo em que passaram a vida a pensar. O mal está feito e não há como evitá-lo. Confesso que nada tenho contra a Matemática, até lhe concedo a honra de a escrever com capitular no início da palavra, o que significa uma prestação de tributo. O mal nem será da disciplina, mas de ela ser ensinada antes dos vinte anos. Até a essa hora, os seres humanos deveriam ter o cérebro livre de algoritmos, para o ocuparem com os pequenos prazeres da existência. Chegados aos vinte, já maduros, entregavam-se ao estudo da Matemática, como prova iniciática de entrada na fase adulta. Como ninguém teve a presciência de me consultar, a infelicidade atingiu a infância, a adolescência e parte da juventude nos quatro cantos do mundo, que sendo mais ou menos esférico, não terá cantos. Parece que um acordo foi estabelecido sobre a potenciação, o conflito foi descalado, digamos assim, e uma entente produtiva rege os trabalhos matemáticos. Isto significa que o almoço será tardio. Uma sombra vinda do céu desce sobre o pequeno bosque da escola aqui ao lado. Os verdes desmaiam na cinza celeste, mais perto, os loendros ainda exibem, não sem ponta de orgulho, o róseo das flores, escondendo o veneno que abrigam no prazer que provocam no olhar cândido do espectador. Talvez toda a beleza oculte um veneno mortal, o que contraria a ideia de uma identidade entre o bem, o belo e o justo. Não tenho como resolver a aporia.
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