A única vez que falei aqui do assunto, um dos mais fundamentais na existência da humanidade, foi a 1 de Setembro de 2019. Isso, devido àquela história da pandemia, significa que foi noutra era. Sobre ele, o assunto, há várias teses, embora não tenha a certeza de que sejam incompatíveis entre si. Existem teses negativas e teses afirmativas. Um exemplo de uma tese negativa diz-nos que as mulheres, às refeições, nunca põem uma nódoa na roupa que trazem vestida. Talvez existam alguns casos esporádicos, o que mostraria a tese como falsa, mas há outra possibilidade para interpretar esses escassos eventos. Nesses fortuitos encontros entre a nódoa e a roupa feminina, a mulher não estava a ser mulher, mas sofria de um súbito toque viril e, nesse instante, estava possessa por uma substância que lhe é estranha. Portanto, acontecimento raro e que não refuta a tese. As teses afirmativas dizem respeito aos homens ou a algum em particular, neste caso eu. No campo das teses gerais, há uma que diz que a propensão a pôr nódoas na camisa é inerente ao cromossoma sexual ípsilon. É uma tese respeitável, corroborada por muita gente. A tese particular, a que me diz respeito, sublinha que sou um praticante desastrado e desatento da arte de comer sem se sujar. Por vezes, são retirados corolários que põem em evidência o meu desacerto com a realidade. É possível que seja assim, mas há coisas que têm uma atracção fatal por mim. Melgas, moscas e nódoas. Deixemos os insectos para outra ocasião. Como se sabe, a nódoa é um ser parasitário. Sem um hospedeiro, não existe. Quando uma nódoa ainda não o é, mas existe já em projecto, observa os circunstantes à mesa e, por norma, escolhe a roupa que eu trago vestida. Posso aceitar que todos os homens sejam potencialmente hospedeiros, mas faço-o contrariado. Quero pensar que elas, as nódoas, têm uma terna inclinação por mim e me escolhem para virem ao ser, tornando o mundo mais rico e variado.
Sem comentários:
Enviar um comentário