Comprar livros em segunda mão online não tem só vantagens. Também há inconvenientes. Tive em tempos, embora nunca tenha chegado a ler, um romance de Julien Green denominado Moïra. O que lhe aconteceu, não sei. Decidi comprar outro exemplar num alfarrabista que vende em plataformas tipo olx. O livro veio em bom estado. O único problema é que o antigo proprietário deveria ter uma fixação na sua rubrica. Muitas páginas – quase metade, por certo – está rubricada. Gostava de perceber o que terá passado pelo cabeça da pessoa que decidiu, por amor à propriedade, afirmar a posse daquela maneira exuberante. O cuidado foi inútil, pois o livro voltou para o mercado e aquela assinatura já não serve para nada, a não ser para estragar o livro. Ontem, com as minhas netas, fui ver um concerto com o pianista japonês Jun Kanno. Mozart, Chopin e Debussy. Uma viagem do classicismo ao impressionismo, com passagem pelo romantismo, embora nada disso tenha uma grande importância. Elas, as minhas netas, aproveitam estas ocasiões para fazerem, com os avós, um programa complementar ao agrado delas. O pior do concerto foi o facto de o público estar dividido em duas facções. Os que compraram bilhete na bilheteira e os que compraram online. Os primeiros não tinham lugar atribuído. Os segundos, pelo contrário, traziam inscritos nos bilhetes o lugar que lhes competia. A interpretação da organização era de que não havia lugares marcados, o que gerou uma bela confusão na sala. As coisas lá se compuseram sem grandes atritos, o pianista entrou na sala e a confusão desapareceu. Foi uma experiência nova e interessante. Estou expectante com o que vai acontecer no concerto de quarta-feira.
Quarta-feira parece-me como outro dia qualquer para as nódoas: sem lugar marcado. Isto só por ser *habituée*.
ResponderEliminarSão como uma praga, as nódoas. Talvez um efeito do pecado original. Uma pessoa mancha-se por tudo e por nada.
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