Está um quente dia republicano. Sábado haverá um casamento monárquico. Não se pense, todavia, que este escriba vai tomar aqui posição sobre a querela entre monarquia e república. O autor talvez tenha uma clara e firme posição sobre o assunto. O narrador, porém, não se imiscui em assuntos que, na verdade, não têm qualquer interesse. Mais importante é o Nobel atribuído a Jon Fosse ou a leitura de Rayuela (O Jogo do Mundo, na tradução portuguesa), de Julio Cortázar. Li até ao capítulo 56. Parei mesmo na entrada daquilo que o autor chama capítulos prescindíveis. A partir destes propõe um novo percurso de leitura da obra que, talvez seja interessante e inovador, mas para o qual ainda não ganhei paciência. Serei um leitor preguiçoso, pouco dado à genialidade inovadora, mas cada um é o que é. Gosto de ler romances de seguida e não de andar aos saltos entre capítulos. Não sou um macaco nem um canguru. Tão pouco um cavalo de xadrez. Eu, no lugar de Cortázar, teria publicado dois livros. Um com os 56 capítulos imprescindíveis. Outro com todos os capítulos, os prescindíveis e os imprescindíveis, ordenados segundo o arbítrio do autor. Cada vez estou mais certo de que os anos sessenta não fizeram bem a ninguém. Haveria qualquer coisa na atmosfera de então que perturbava os espíritos, e o romance de Cortázar é de 1963. Logo, fruto da perturbação reinante. Esta opinião de narrador pode não coincidir com a do autor destes textos. É apenas uma possibilidade, mas estou longe de confiar no seu discernimento. É mesmo possível que, como dito acima, ele tenha convicções firmes sobre repúblicas e monarquias, mas isso poderá ser mais uma prova da debilidade do seu poder de discriminação. Então, quando está calor, só se pode esperar o pior. Vou acabar isto e publicar, antes que ele acorde com mau humor e exerça o poder censório com que se dotou.
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