Começamos Outubro sob um ataque cerrado de calor. Talvez tenha sido a situação de guerra climática que me provocou uma dúvida existencial. Dois nomes dançaram na minha mente devido a uma palavra espanhola num produto qualquer, mascarilla. As palavras Zorro e Mascarilha tinham o mesmo referente, ou será que havia duas séries distintas uma denominada Zorro e outra O Mascarilha. O mal dos tempos que correm, um deles, pois não faltam males aos tempos que correm, é que rapidamente se podem tirar as dúvidas, não deixando estas criar raízes e exercer sobre a mente um trabalho de limpeza das crenças dogmáticas. Não passou muito tempo que não visitasse a rede a que se dá o infeliz nome de internet. Não, o Zorro e O Mascarilha eram séries diferentes que o passar dos anos e o uso da máscara começavam a fundir na minha memória. Não devemos confundir Don Diego de La Vega, o Zorro, com John Reid, quase sempre denominado como Lone Ranger, o Mascarilha. Zorro inscreve-se na tradição dos heróis de capa e espada, enquanto Mascarilha, na dos heróis do Far West, presumo. Esta confusão é quase tão grave como a de pensar que Sherlock Holmes e Hércule Poirot eram as mesmas personagens. Pior, porém, seria confundir Sherlock Holmes com Miss Marple. Daqui a pouco chegará o meu neto. Ainda não tem idade para zorros e mascarilhas, mas por certo vai querer o Pica-Pau, cuja colecção de DVD repousam numa estante. Quando a comprei, disse que era para os netos verem. Recebi um olhar de dúvida mais radical do que a cartesiana. A verdade é que ainda nenhum recusou o Pica-Pau, embora a mais velha me fizesse ver com ela milhares de vezes a Galinha Pintadinha. Tenho de procurar as séries do Zorro e de O Mascarilha, para daqui a uns tempos as ver com o mais novo. Domingo. Está tanto calor que nem vai dar para ter a angústia dos domingos à tarde.
E até que ponto os nomes são assim tão importantes? Quando um espanhol pensa no Zorro (raposa), não pensa o mesmo que um português que não conhece esse significado. Um pouco como chamar tanto estrela da manhã como estrela da tarde a Vénus. E o que dizer daquele Robin que para um inglês é Hood (chapéu), mas que um português diz como se fosse Wood ? São só nomes, o que conta, como Vénus, é o herói.
ResponderEliminarA não ser que o nome faça parte da coisa.
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