O hábito inclina-nos a pensar a autenticidade como sinónimo de sinceridade ou de veracidade. Contudo, essa qualidade está ligada, em primeira instância, à de autoridade. Não de uma autoridade proveniente de um desígnio legal, mas da autoridade de quem é autor. Assim, a autenticidade é a qualidade – ou a virtude – daquele que realiza alguma coisa, que a faz vir à existência. Quando tomamos a autenticidade no sentido de veracidade já estamos a perder um elemento essencial. O verdadeiro resulta do acordo entre um pensamento e a realidade que ele pensa. Por seu turno, a sinceridade é acordo entre aquilo que um sujeito expressa e aquilo que sente ou pensa. Em ambos os casos, perdemos a dimensão de realização e, com ela, a de autoria. A pessoa que ostenta a virtude da autenticidade é virtuosa não porque pensa verdadeiramente ou se expressa com sinceridade, mas porque faz acontecer algo no mundo. A autenticidade – para usar o jargão filosófico – pertence ao domínio da ontologia e não da epistemologia ou da ética.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.