Está a acabar. As comitivas partidárias fazem, por hábito antigo e falta de imaginação, os últimos circuitos pela cidade. Buzinando como se fossem adeptos de um clube de futebol acabado de se sagrar campeão. Estou a mentir. Falta-lhes a convicção dos adeptos. Esperam que chegue a hora de jantar, para regressarem a casa, comer uma boa refeição e sair à noite, pois hoje é sexta-feira. O dia de amanhã é de desintoxicação, mas os candidatos que vejo pela rua não me parecem intoxicados. Cumprem o seu papel de modo administrativo e aguardam o resultado das urnas. Os que ganharem hão-de improvisar uma caravana com cachecóis e bandeiras, gastarão uns litros de gasolina, ferirão alguns tímpanos sensíveis, mas depois voltarão sossegados para casa como se nada se tivesse passado. Haverá um ou outro crente que estará convicto que o mundo mudou, mas este recusa-se cooperar. Não se pense que sou um adepto da não ida às urnas. Vou sempre, não porque espere uma redenção, mas porque tenho o dever de ir. E os deveres são por cumprir por amor ao dever.
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