segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Um email

Hoje fui caminhar ao cair da noite. Esperava encontrar, ao crepúsculo, alguns anjos ou velhos deuses pagãos. Nada. Não sei onde se meteram. Que saiba não está a decorrer nenhum congresso de anjos ou concílio de deuses. Faltaram, uns e outros, ao encontro aprazado. Imagino que cada um dos bandos decidiu não vir por causa do outro. Fiquei sem companhia nas minhas andanças. Tinha-lhes dito que podíamos parar num bar de vinhos, sempre se conversava e se bebia um copo. Pareceram interessados, mas esqueceram-se. Talvez tenham algum conflito com compromissos ou a memória já não seja o que era. Entretive-me a observar os transeuntes, mas em nenhum encontrei um traço angélico ou um porte divino. Uma jovem mulher ainda me pareceu, ao longe, angelical, mas ao aproximar-me, o rosto foi-se transformando, de tal modo que, caso tivesse idade e condição para isso, nunca a pediria em casamento. Isto, porém, é uma presunção, pois nem tenho idade nem a lei autoriza a poligamia. Estes pensamento tranquilizaram-me e fizeram-me esquecer a desdita de um encontro falhado com agentes de outros mundos. Ficará para a próxima. Pelo menos é o que diz um email recebido mesmo agora. Não sei se enviado por algum anjo ou por uma divindade grega. Ah… parece que é de Afrodite. Pelo menos, sinto-me lisonjeado, apesar de posto ao longe.

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