Sexta-feira. Perdido o amante, Galateia demora-se nas ondas, faz delas uma casa para a eternidade, pois a eternidade é o horizonte de todos os seres que vivem, sejam animais, deuses, ou homens. Quando um homem se senta numa esplanada perto do mar e contempla com demora a linha onde céu e oceano se fundem, o que ele vê é uma manifestação não apenas daquilo que não tem limites, mas também do que não pertence ao casulo do tempo. Ao demorar o olhar, sai dos limites terrestre e, por momentos, perde-se no que está fora do mundo. Então, Galateia passa diante dos seus olhos, brincando nas ondas. Como Méris, ele chama-a. Vem até aqui; deixa que loucas, as ondas firam as praias! Mas a nereida não o escuta, perdida no seu jogo eterno, e ele levanta-se, vira as costas ao mar e reentra na casa do tempo, no lugar onde tudo tem um princípio e um fim.
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