Os ânimos andam agastados por esse mundo fora. Talvez as pessoas não saibam o que hão-de fazer com a vida que receberam e então, para passar o tempo e enquanto a morte não chega, agastam-se umas com as outras, com a pátria e o mundo. Entregam-se a vitupérios e exprobrações, parecem prontas para lançar frondas por tudo e por nada. Nunca na vida imaginei, é curta a minha imaginação, que houvesse tantos cavaleiros andantes. Cavaleiros e amazonas, diga-se, pois também há por aí umas senhoras exaltadas, de prosápia em riste, que, como os justiceiros masculinos, estão dispostas, se crermos no que dizem, não só a tornar patente a estupidez dos outros como a ocupar o lugar da padeira de Aljubarrota, mas agora montadas a cavalo e brandindo a espada da sua inexcedível superioridade. Pensava sobre tudo isto enquanto caminhava pelas ruas aqui perto. Esperava-me uma daquelas tarefas a que não nos podemos eximir ou que decidimos que não nos podemos eximir porque a queremos executar. Contrariamente ao estado do mundo, as pessoas por aqui andam de ânimo calmo, não se lhes nota outras motivações senão aquelas que decorrem das necessidades que a vida impõe. Vão às compras, falam de futilidades, adornam-se conforme podem e caminham devagar sob a luz solar. Daqui, parece-me certo, não partirão exércitos para pôr o mundo nos eixos nem gente para endireitar o que está torto, e isso, confesso, deixa-me feliz e tranquilo. É melhor deixar passar o tempo com bonomia do que entregar-se à exaltação que sempre anima os cavaleiros andantes e as padeiras de Aljubarrota que pululam nesse estranho espaço virtual a que se deu o desditoso nome de redes sociais.
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