A dado passo da entrevista, um historiador e agora romancista, diz que o D. Carlos era um esbórnia. Faria mais sentido dizer que andava na esbórnia, mas sejamos sensíveis às liberdades poéticas. Dado ou não à pândega, teve um destino cruel que sempre julguei imerecido. Quem parece que ficava muito bem no lugar de rei era o último incumbente. As raparigas estavam todas apaixonadas por D. Manuel, o que não deixaria de ser um sinal da sua capacidade política, embora seja possível pensar que há nesta frase uma generalização precipitada. Imaginemos as pobres camponesas do interior, aquelas que nunca puseram os olhos numa folha de jornal, como poderiam imaginar o jovem rei em uniforme militar para que o seu coração se enternecesse e, por causa de sua alteza, se entregasse, tremente, ao sonho melancólico de um amor impossível? A verdade é que todos nós gostamos de fazer generalizações. Pessoalmente, esse prazer nasce-me da inclinação para a hipérbole. Talvez o meu gosto em exagerar a realidade se deva a algum defeito de visão em que nunca tenha reparado. Nem sei por que motivo me pus a escrever sobre os últimos Braganças que ocuparam o trono deste país. Julho nunca é um mês fácil. Também ele é dado a hipérboles e o exagero será a sua razão de existir. Como eu, Julho também terá um secreto defeito na visão.
Julho,o Sol leão,estas temperaturas em dente de serra,excexcitam-nos. espremen- nos,chupam-nos,esburgam-nos,e por fim rejeitam-nos com uma cotovelada vigorosa !
ResponderEliminarJulho e os seus comparsas vão me enganar outra vez,então não vão? Nem que foram tenentes...