sábado, 29 de maio de 2021

A vontade pervertida dos objectos

Nunca deixa de me impressionar o número de coisas que encontro apenas quando não preciso delas. Assim que as quero requisitar para algum serviço urgente, elas decidem ocultar-se nos sítios mais inverosímeis e recônditos. Tendo passado a necessidade de uso, por ter desistido de o levar a efeito ou por ter resolvido o assunto de outro modo, elas reaparecem todas lampeiras e, como se fossem cãezinhos amestrados, não param de abanar o rabo. Isto não se deve a uma arrumação caótica do meu mundo, mas à vontade pervertida dos objectos criados pelo homem. Têm vida própria, pelo menos quando preciso de alguns deles. Um pouco mais acima escrevi a palavra lampeiras. Não sei se não passa de um regionalismo ou se o seu uso se estende a todo o território nacional. Antigamente, ouvia-a muito, mas agora ou caiu em desuso ou estou a ficar surdo. Julgo que virá de lampo. Por aqui classificam-se como lampos os figos temporãos. Fazem as delícias dos amantes do fruto, clube no qual não me incluo. O meu neto passou quase oito horas comigo. É a primeira vez desde que a pandemia começou. Tentámos recuperar algum tempo perdido. Eu tive a minha dose de A Masha e o Urso e também da Galinha Pintadinha. Esta é uma velha conhecida. Um sábado já inclinado para o Verão, embora um vento moderado de Noroeste baixe a temperatura e torne desagradável andar na rua. Não tarda e o dia está passado.

Sem comentários:

Enviar um comentário