Hoje foi feriado por aqui. Quinta-Feira de Ascensão e Dia da Espiga. Este, por certo, estará ligado a rituais pagãos da Primavera. Sobreviveram até ao meu tempo de vida, mas estarão moribundos, senão mortos. Talvez tenha ido uma vez apanhar a espiga, mas não tenho a certeza. Lembro-me de ir a uma quinta de um visconde, que já não o seria, mas fora-o o pai ou o avô. Isso seria plausível, mas é muito possível que tenha lá ido por outros motivos que não me lembro, o que será ainda mais plausível. As pessoas iam aos campos e compunham um ramo, que depois deixavam pendurado à porta de casa para secar. Nunca soube o significado efectivo desse gesto, nem me ocorreu perguntar a alguém a razão porque o fazia. Quando nos interessamos por essas coisas, já elas acabaram. Hoje podia ter dado uma volta pelas aldeias circundantes para ver se alguém tinha pendurado um ramo à porta. Em vez disso, estive a trabalhar e, já depois da sete da tarde, fui fazer uma caminhada. Não vi ninguém de ramo na mão, nem com ar de ter ido aos campos apanhar a espiga. Uma espiga.
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