sexta-feira, 14 de maio de 2021

Acautelar o futuro

Sexta-feira! Acabei de ir buscar a neta mais velha ao Expresso. É a segunda vez que faz a viagem sozinha. Como uma adolescente que se presa, não atende o telemóvel durante a viagem. Aliás nem sequer o tinha com carga, pois não lhe ocorrera que mãe, de um lado, e avó, do outro, haveriam de querer comunicar com ela, para se certificarem que o autocarro continuava a ser autocarro e não se tinha transformado em avião ou barco à vela. Mães e avós têm uma certa propensão para crer nas metamorfoses de Ovídio. A pobre pequena – na verdade, é muito pouco pequena para doze anos – vem para ser massacrada com a preparação das avaliações da próxima semana. Para a compensar, já marquei mesa para o jantar, no restaurante preferido da pequena. Isto, para ela não dizer daqui a quarenta anos que ia a casa dos avós para apanhar uma seca com matemática, físico-química ou português. Há que acautelar o futuro. Enquanto não chega a hora de jantar, vou pondo coisas em dia e ouvindo música. Não faça a ideia da razão, mas tenho estado a ouvir uma cantora country de que gosto bastante, Emmylou Harris. Já não ouvia este tipo de música há muito, muito tempo. Talvez seja dos vapores de Maio.

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