quarta-feira, 28 de julho de 2021

Moscas

O tempo quente tem vários, e não pequenos, inconvenientes. Um deles é o acordar das moscas. Por certo que tudo o que existe terá o seu lugar e o seu papel. Facilmente se pode aceitar que as moscas tenham um lugar. Por norma, esse lugar coincide com aquele em que estou. Depois, dá-se o estranho caso de quanto mais elas se sentem atraídas por mim, mais eu as detesto. Com exclusão das melgas, não conheço outro ser que por mim mais se sinta atraído do que a mosca. Pergunto-me, nos dias quentes de Verão, que papel foi reservado na criação a esses miseráveis insectos. Por mais que procure, não lhes encontro nenhum, a não ser irritarem-me. Elas cumprem com afinco a função que o Criador lhes deu. Com o progredir do Verão uma pessoa fica sem assunto. Resta-lhe falar em moscas. Um dia destes, farei uma entrada sobre melgas, as quais ainda me irritam mais e mais profundamente que as moscas. A minha cultura é pobre, caso não o fosse conheceria a poesia que louvaria as moscas. Não conheço. O meu desconhecimento, porém, não é prova de que não exista.

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