domingo, 17 de março de 2019

Bavardage

Ainda tenho o hábito de ler jornais, já não em papel, mas digitais. Apiedei-me, por certo, das florestas ou, então, assumi-me como um moderno, mesmo que o não pareça. Os jornais, por um espírito de misericórdia, nunca deixam de me surpreender com o que me dão a conhecer. Um deles informa-me que os alunos portugueses querem educação sexual menos vaga e mais interessante e eu não sei como interpretar um desejo tão vago e tão pouco inesperado. Não me passa pela cabeça que currículo tornaria a educação sexual concreta e interessante. O mundo é um repositório de desejos que se cruzam e entrechocam, meditei sorumbático por me ter deitado tarde. Se se dá ouvidos aos desejos, nunca mais se há-de parar nessa peregrinação em busca do santo graal que há satisfazer a desordenação hormonal dos adolescentes. A tarde aproxima-se velozmente da noite. A escuridão há-de chegar e talvez em mim se ilumine a necessidade de tanta bavardage, para utilizar um termo francês e assim aparentar cultura. Não há idiotice que uma boa aparência não cubra.

2 comentários:

  1. Bem, eu que sou do tempo do gineceu e do androceu, e que acreditava que as cegonhas vinham de Paris... e só para bavarder un petit peu, ocorre-me perguntar: será que eles querem aulas práticas?

    Maria

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    Respostas
    1. Talvez, talvez, embora isso fosse o caminho para matar qualquer interesse pelo sexo.

      HV

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