Sexta-feira de Carnaval. A tarde entristece sob um manto de
nuvens escuras e rajadas de vento frio vindas da serra. De manhã, quando
atravessei a cidade, havia desfiles carnavalescos de crianças da escola
primária. Lembrei-me dos dias em que a frequentei. Não havia desfiles, nem
alunos foliões. Os professores eram gente sisuda com pouco ar de saberem
sequer que o Carnaval existia. Talvez não existisse. Havia o entrudo e alguns
pobres mascarados espalhavam a tristeza pelas ruas. Eu ficava fascinado com as
serpentinas, as pistolas de água e os estalinhos, talvez com alguma caraça de
papelão, que então se vendia nas papelarias. Mais tarde aprendi a mascarar-me. Foi
uma revelação. De tal maneira que nunca mais deixei de o fazer, faça frio ou
calor, seja Verão ou Inverno. Quem precisa de três dias de Carnaval se o tem
durante o ano inteiro?
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