Há pouco, ao arrumar uns ficheiros no computador, deparei-me com uma colecção destes textos. Tinha o nome de E aquilo que fatiga o lutador coroa o vencedor – diário da pandemia. Correspondia a quatro meses de actividade bloguística, desde o dia 1 de Março de 2020, até a 30 de Junho. Não faço ideia por que razão destaquei esses textos de todos os outros. Também não imagino o motivo que me levou a parar a recolecção no dia 30 de Junho. Terei, na altura, imaginado que o distúrbio que atingiu a vida dos seres humanos sobre a Terra estivesse a acabar? Santa inocência. O título, porém, sei a onde o fui buscar. A uma frase do Traité de la Maison Intérieure ou de l’Édification de la Conscience. Obra atribuída a Bernardo de Claraval, mas a atribuição é espúria. Há na frase escolhida por mim uma tonalidade guerreira, o que não chocaria com uma atribuição ao autor da regra da Ordem do Templo, o mesmo Bernardo de Claraval. A questão, todavia, é se aquilo que fatiga o lutador terá possibilidade de um dia coroar o vencedor. Se em Junho de 2020, talvez ainda se imaginasse que daí a uns meses as coisas voltariam ao que eram, agora, a percepção parece a contrária. O vírus mostra-se persistente e com capacidade de se adaptar ao combate que lhe é movido. Seja como for, o melhor é o lutador continuar a fatigar-se, talvez chegue a hora em que a fadiga coroará o vencedor. Não há nada como um princípio de esperança.
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