Ora, para o que um homem está guardado, comentei para mim mesmo. Descobri há pouco, numa deambulação online em busca de alojamento para uma saída, que um dos mais brilhantes, senão o mais brilhante, dos oradores parlamentares do século XIX, é agora nome de hotel. Anda uma pessoa a enfrentar perigos e revoluções. Usa uma das mais terríveis retóricas que se fizeram ouvir por estes lugares. É odiado e amado. Tudo isto para acabar em nome de estabelecimento comercial. Neste caso, num lugar onde as pessoas se deslocam para dormir e não para fazer da vigília um estado de alerta para o combate. Quando as pessoas acabam em nome de rua, ainda vá que não vá. Agora, em nome de hotel, restaurante, loja, parece que toda aquela glória, afinal, era de pechisbeque. Seja como for, o ilustre deputado, o homem da patuleia, o setembrista radical, lá terá a sua rua, a sua estátua e também deverá ser nome de escola. Por falar na patuleia, dois dos liberais radicais terminaram em nome de liceu, o Passos Manuel e o Sá da Bandeira. Foi neste, apesar de nunca o ter frequentado, que diversas vezes na vida enfrentei terríveis examinadores. Pior sorte que aquela que coube ao magnífico retor, foi a dos seus colegas setembristas. Começaram como nomes de liceu e acabaram em designações de escolas secundárias. Ele que se acautele, pois ainda pode acabar em nome pensão. Nunca se sabe.
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