domingo, 16 de junho de 2024

Um fungagá

Uma novidade por aqui. A alguém terá ocorrido que as pracetas públicas existentes entre os prédios era o local ideal para organizar uma festa de aniversário de uma criança. Será melhor para a criança e os amigos estarem na rua, correrem, gritarem e guincharem, formas plausíveis de exercitar os pulmões. É aborrecido para terceiros, mas há que ser caridoso. Os progenitores acharam por bem montar um insuflável para a criançada saltar e fazer aquilo que as crianças fazem nesse tipo de coisas. A caridade não se deve suspender aqui. O que é inaceitável é a montagem de uma coluna de grande potência que emite uma coisa que, por certo, chamarão música. Ora, não se pense que é música para crianças. Não é. É o tipo de música que adultos consomem, do pior que se possa imaginar. Suportar guinchos é uma coisa, ter de levar com o lixo sonoro que habita a cabeça dos nossos congéneres é outra. As pessoas não percebem o que é a justa medida. Estão convencidas de que pelo facto não ser legalmente proibido, durante as horas do dia fazer ruídos ou obrigar os outros a ouvir o mau gosto que nos corre no coração, também não é moralmente errado. Podemos distinguir entre ética e moral a partir de duas ideias. A ética refere-se ao modo como habitamos o mundo. A moral relaciona-se com o respeito devido aos outros. As duas coisas estão relacionadas e sempre que se observa o desprezo pelo respeito que se deve aos outros, pode-se desconfiar que a forma como se habita o mundo está longe de ser saudável. Enfim, isto está um fungagá e não é o da bicharada, é mesmo de seres humanos adultos. Terei e fechar a janelas. Ainda não decidi se este é o melhor mundo possível ou se é possível que exista outro mundo onde não se montem fungagás destes.

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