De regresso a casa, escutava a Antena 2. Um programa sobre a música no cinema. O de hoje era dedicado a uma obra extraordinária, a Flauta Mágica, de Ingmar Bergman. Um filme que faz cinquenta anos. Ora, vi-o pela primeira vez, ainda nos anos setenta do século passado, no cine teatro daqui, num ciclo dedicado ao cinema do realizador sueco. Bergman não se limitou a gravar uma ópera, produziu uma obra de arte onde a ópera de Mozart, a encenação teatral e a sua linguagem cinematográfica se conjugaram para produzir qualquer coisa que me deixou completamente perplexo. Claro, a célebre ária onde a Rainha da Noite, Birgit Nordin, atormenta Pamina, a filha, mas também as figuras de Papageno e de Sarastro, ou o próprio conteúdo iniciático da ópera de Mozart. Foi também nesse ciclo que vi, pela primeira vez, Morangos Silvestres, talvez o filme de Bergman que mais vezes vi. Já não consigo precisar o ano em que isso aconteceu e uma pesquisa online não me forneceu qualquer indicação. Talvez porque um ciclo de Bergman numa vila de província seja uma coisa inverosímil, uma espécie de sonho ou uma fantasia. Caminho para a idade de Isak Borg, o protagonista de Morangos Silvestres, mas ainda não terei atingido a sabedoria de Sarastro, da Flauta Mágica. A cada um os seus limites e também as suas perfeições.
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