A dado passo da Teoria da Loucura de Massas, o
escritor austríaco Hermann Broch faz a pergunta: Quem era louco, as bruxas
ou aqueles que as queimavam? Talvez, responde, ambos, pelo menos o mais das
vezes. Umas e outros viviam mergulhados em crenças delirantes. Apesar de hoje
em dia já não ser de bom tom andar por aí a queimar bruxas, um progresso
civilizacional digno de nota, as crenças delirantes não acabaram. Parecem
ter-se expandido e mal se olha para o mundo ou se dá alguma atenção à imprensa e
às redes sociais, fica-se com a impressão de que se vive mergulhado num mundo
de delírios. Nesses momentos, desconfio que os meus pensamentos e as minhas
crenças são todos eles também delirantes e como tal perigosos. O melhor é
abster-me de ter pensamentos e crenças. Espreito pela janela e vejo as torres
do castelo, depois passo com os olhos pelo friso das orquídeas, por fim respiro
fundo. As torres não têm crenças e as orquídeas não pensam, o que quer dizer
que nem tudo estará perdido.
Continue a praticar a lucidez, os humanos precisam dela, agora mais que nunca.
ResponderEliminar~CC~
Vamos lá ver. Não é fácil.
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