terça-feira, 22 de setembro de 2020

Folhas mortas

Alegro-me. Chegou o Outono com o seu cortejo de folhas mortas. Oiço Yves Montand a dizer Les Feuilles Mortes e depois a cantar o poema de Jacques Prevert. De seguida, passo para a Edit Piaf a cantar em inglês e francês Autumn Leaves e concluo com a Ute Lemper, também a cantar o poema de Prevert. Foram as minhas boas-vindas à mais bela estação do ano. Olho para os cantores escolhidos e, com a excepção de Ute Lemper que é mais nova do que eu, pertencem a gerações bem anteriores à minha. Também eu já entrei no Outono. Estão mortas todas as folhas que caem de mim, mas sinto prazer em ouvi-las bater no chão e serem arrastadas pelo vento. Hoje a minha neta mais velha faz anos. Mal sabe ainda o que é a Primavera, mas os traços da adolescência já são motivo de comentários irónicos a que ela responde com um sorriso ou um olhar enviesado e um franzir de sobrancelhas. Está a entrar naquela fase em que as raparigas se riem por tudo e por nada, o que deixa sempre os rapazes desconcertados. Talvez não exista nada de novo sob o sol, mas estas eternas repetições nunca deixam de ser uma grande novidade, seja a vinda do Outono, seja a entrada na adolescência.

2 comentários:

  1. Eu também costumo ouvir essa canção no Equinócio do Outono, e hoje não fugi à regra. Só que ultimamente rendi-me à versão inglesa e, por conseguinte, o que ouvi foi o Autumn Leaves do Eric Clapton: adoro aquela parte final.

    Um bom Outono, HV.
    🍂🍁🍂
    Maria

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    1. Vou-me mantendo mais ou menos fiel ao francês, mas os tempos já lhe não são propícios.

      Um bom Outono, Maria

      HV

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