De Han Kang, agora premiada com o Nobel, apenas li A Vegetariana, de que gostei bastante. Como não acompanho as intrigas em torno do prémio, fiquei surpreendido com a atribuição. Até porque a premiada é relativamente jovem, ainda na casa dos cinquenta. Tenho a convicção, talvez errada, de que a generalidade dos Nobel atribuídos na literatura é para autores já em fim de carreira, uma espécie de consagração final. Não será o caso da premiada deste ano. A ideia do prémio é interessante, mas sofre de um defeito. O facto de ser anual tornou o Prémio Nobel da Literatura uma banalidade. A princípio, mesmo durante décadas, isso não se notaria, mas agora que número de premiados é grande, muitos deles já esquecidos, a nobelização terá menos impacto no público do que há cem anos. O primeiro Nobel da literatura foi atribuído ao poeta francês Sully Prudhomme, em 1901. Quem lerá ainda os seus poemas? Imaginemos que o Prémio era dado de cinco em cinco anos. Os vinte contemplados num século formariam uma excepção. Com cem parece que a excepção se aproxima da regra. É uma hipérbole, mas torna patente a banalização de se ser laureado com o prémio. Depois, o impacto editorial torna-se cada vez menor. A atribuição do prémio a Jon Fosse, no ano passado, parece ter tido pouco ou nenhum efeito na velocidade da sua publicação em Portugal. E Jon Fosse é um grande escritor. Como haverá escritores que desejam ardentemente o Prémio, também haverá aqueles que fogem dele. Sartre, por exemplo, recusou-o. Pasternak foi obrigado a recusá-lo.
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