Ao ver uma fotografia antiga, assaltou-me a ideia de quão
rude era a vida naqueles dias. De imediato, pensei que quem então vivia não
sentia essa rudeza, que só se torna visível aos olhos dos que chegam muito
depois. Também nós somos cegos para a rudeza em que vivemos, para a existência
fruste que nos cabe, e essa cegueira é a moeda com que pagamos o vinho das
nossas alegrias. Tudo isto foram pensamentos que me acudiram de manhã. Depois,
veio a tarde e atravessei a cidade para uma visita familiar. O sol não
transformara as coisas e elas continuam a ser o que sempre foram. Não sei se
isso me alegrou ou entristeceu. Há dias em que já não consigo distinguir alegria
e tristeza. Talvez essa capacidade de distinção seja uma prerrogativa dos
verdes anos. Agora, sento-me e, enquanto vou escrevendo, deito olhares
enviesados ao mundo lá de fora. O vento toca ao de leve o folhedo das árvores
e, por mais que me interrogue e medite, não consigo perceber por que razão a
Terra há-de ser um planeta habitado.
Sim, porque há-de ser este pale blue dot habitado, e não qualquer outro?
ResponderEliminarE será que existem outros como nós no imenso universo?
E será que se julgam assim tão importantes como nós nos julgamos, quando afinal não somos nada, mesmo nada, menos que nada.
E poderia continuar com a velha história do porquê das guerras, dos ódios, blablabla... mas fico por aqui.
Bom domingo.
Maria
Muito obrigado e resto de bom domingo.
EliminarHV